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* Trabalho infantil atinge 80 mil no Rio Grande do Norte.

         Por volta das 5h30, João Fernando* acorda para trabalhar, sai do Planalto e vai para o bairro vizinho, Cidade Nova. Aos 14 anos, o mais velho de quatro irmãos é o único "homem adulto" da casa e cata lixo na Estação de Transbordo, que há alguns dias voltou a ser um lixão. Sem querer perder muito tempo com a reportagem - às 7h30 já estava na hora de encerrar a catação e sair para vender na carroça o material coletado - João disse que precisa trabalhar porque o pai foi assassinado e a mãe diz que não pode se ausentar de casa com três crianças. Ele saiu apressado com o primo, que também tem menos de 16 anos, assim como inúmeras crianças que vão ao local para ajudar ou substituir os pais no meio do lixo. Elas estão trabalhando nas feiras livres, abatedouros, casas de farinha, lixões, atividades domésticas, limpando vidro de carros, se prostituindo e em várias outras atividades. Mas parecem ser transparentes para a sociedade e para o poder público. Um porque incentiva,pagando por esses serviços, e o outro porque oferece alternativas frágeis para que se consiga fugir do problema.
         O Rio Grande do Norte é o décimo estado do Brasil que tem mais crianças e adolescentes, entre 5 e 17 anos, trabalhando. De acordo com os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2009, são 82.195 vítimas do trabalho infantil no estado. João e o primo dele devem estar nessas estatísticas e não nas divulgadas pela Superintendência Regional do Trabalho e Empredo do RN, que retirou da situação de exploração infantil 218 crianças em 2011. A presidente do Fórum de Erradicação do Trabalho Infantil (Foca), Marinalva Cardoso, junto com mais quatro auditoras, são responsáveis por fiscalizar os 167 municípios potiguares.
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