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* A HISTÓRIA DE ANTONIO CONSELHEIRO (Geraldo Amancio)

Conselheiro foi um homem De espírito combativo. Obstinado e valente, Decidido e combativo. Com tanta sabedoria Conselheiro merecia Por mil anos ficar vivo. Do homem cresce o valor Quando a história compara. O Brasil tem a mania De enaltecer Che Guevara Talvez por ser estrangeiro. Nosso Antonio Conselheiro Foi uma jóia mais rara. (...) Montou primeiro um comércio Para comprar e vender. No magistério ensinava Ler, contar e escrever. E no foro trabalhava, De toda forma buscava Meios pra sobreviver. Em qualquer trabalho tinha Bravura e muita coragem. Porém, Euclides da Cunha Denegrindo a sua imagem De uma maneira mesquinha Diz n’Os Sertões que ele tinha Tendência pra vadiagem. (...) Com o padre Ibiapina Muitas lições aprendeu. Esse sim, amou os pobres, Do que tinha ofereceu. Angariou donativos... “É melhor dar pão aos vivos Do que chorar quem morreu”. Antonio tornou-se arauto Dos sem pátria, dos sem nome. Sabia ouvir o sussurro Da multidão que não come. Uniu sua mágoa a eles, Porque também era um deles Conhecia a dor da fome. (...) Conselheiro interpretava A Bíblia à sua maneira. Não obedecia a bispo, Nem a padre, nem à freira. Se ainda existisse a mão Da tal Santa Inquisição Seu destino era a fogueira. Com isso, logo alguns padres Mostraram-se intolerantes Dizendo que as leis da Terra Tinham de ser como antes: Que o cobre se desse ao nobre, Tinha que haver rico e pobre, Os mandados e os mandantes. (...) Naqueles sertões desertos, De esquisitos carrascais, Multidões embevecidas Ouviram sermões de paz Do maior dos conselheiros. Isso para os fazendeiros Era incômodo demais. (...) Dizem que de Thomas Morus, Ele leu a “Utopia”. Uma classe igualitária, Era o que ele queria. Sem ambição, sem engodos, Sendo tudo para todos, Vivendo em santa harmonia. Aí rumou para o Norte, Em penosa caminhada. Chegando assim em Canudos, Uma terra abandonada, Buscou água, encontrou fonte, E a cidade Belo Monte Ali seria fundada. Nesse chão morou um povo De estranha obsessão. Fumava cachimbos longos Quase um metro de extensão. Eram canudos de pito, Do nome meio esquisito Batizaram a região. (...) Todos que eram errantes, Perseguidos, humilhados,  Foragidos da justiça, Eternos injustiçados, Teriam sim, acolhida Nessa terra prometida, O céu dos desamparados.
Extraído do blog MUNDO CORDEL, do poeta MARCOS MAIRTON
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