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* Novas poupanças renderão menos.

Para permitir a queda dos juros, o governo criou um "gatilho" que vai reduzir o ganho das cadernetas de poupança. Nada muda de imediato, mas, se o Banco Central decidir cortar a taxa básica de juros da economia, a Selic, para 8,5% ou menos - o que pode ocorrer neste semestre, segundo apostas do mercado financeiro - o rendimento passará a ser o equivalente a 70% da taxa Selic mais a variação da TR, em vez do tradicional 0,5% acrescido da TR. Com a Selic a 8,25%, a poupança passa a ter um rendimento menor do que o da antiga fórmula, segundo cálculo do professor Samy Dana, da Fundação Getúlio Vargas. O rendimento anual cairia dos atuais 6,68% para 6,22%.

A nova forma de cálculo atingirá os depósitos feitos a partir desta sexta-feira. Para os depósitos antigos, nada muda. As novas cadernetas terão as mesmas características da poupança atual: isenção do Imposto de Renda, rendimentos mensais e liquidez diária. As alterações estão numa medida provisória publicada ontem.

"É um passo histórico, mas é só um passo", disse a presidente Dilma Rousseff, em reunião com líderes partidários da base aliada. Ela acrescentou que o País tem de estar preparado para competir quando a crise internacional acabar, daí a necessidade de seguir cortando os juros. Dilma e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, explicaram as alterações ontem aos políticos, às centrais sindicais e a um grupo de empresários.

Não encontraram oposição em nenhum dos grupos, apesar de se tratar de um tema tabu, de grande interesse popular e num ano eleitoral. O apoio se baseia em dois pontos: não haverá alteração para as cadernetas antigas e o objetivo é reduzir os juros. "O Brasil enfrenta uma nova situação, porque as taxa de juros todas estão caindo e porque a Selic está caindo", afirmou Mantega. "Se mantivermos a regra atual da poupança, ela se tornará um obstáculo para a continuidade da queda da Selic."
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