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* Doença de chagas preocupa pesquisadores da UFRN na região Oeste do RN.

As pesquisadoras Lúcia Galvão e Antônia Claudia Jácome, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), ficaram assustadas com os resultados que obtiveram no trabalho de pesquisa de campo que realizaram em 15 municípios da região Oeste do Rio Grande do Norte, diagnosticando pessoas com doença de chagas.

Para cada 100 pessoas que se submeteram aos exames de sangue coletados pelos auxiliares das pesquisadoras (capacitados pela Prefeitura de Caraúbas), 8,5 estavam contaminados com ‘doença de chagas’, que não tem cura e que se não for tratada corretamente o cidadão morre do coração ou com infecção intestinal. Tomando a medicação, controla e vive.

O trabalho começou pelo município de Caraúbas, onde a secretária de saúde Juliana Carlos e a auxiliar Ellane Gurgel, perceberam casos de morte súbita de pessoas que aparentemente estavam bem de saúde, sem problemas coronários. A partir da desconfiança, a Prefeitura firmou parceria com a UFRN para diagnosticar e com a UERN para o tratamento imediato.

No primeiro levantamento foi diagnosticada cerca de 70 pessoas com o protozoário instalado no corpo somente em Caraúbas. Estas pessoas foram encaminhadas para fazer o tratamento adequado na Faculdade de Medicina da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), em Mossoró, com o médico Kleber Mesquita (foto), especialista neste tipo de doença.

Para a segunda rodada de exames, Lúcia Galvão e Claudia Jácome ampliaram a parceria com Kléber Mesquita e com a Prefeitura de Caraúbas para tratar as pessoas diagnósticas gratuitamente, já que em quase 100% dos casos descobertos em Caraúbas são de pessoas humildes, que não teria condições financeiras de buscar tratamento particular.

Kleber disse que atualmente já acompanha 185 pessoas com doença de chagas, sendo que cerca de 60 somente do município de Caraúbas, que o então prefeito Ademar Ferreira da Silva se antecipou e buscou solução, a mais adequada, antes que fosse tarde para salvar a vida dos pacientes. Se não tratar logo, o protozoário afeta o coração e mata.

Das 700 coletas de sangue feitas nos 15 municípios da região oeste, incluindo cidades localizadas em regiões de chapada e margens dos rios, assim regiões serranas, durante o mês de agosto, as pesquisadores diagnosticaram 33 pessoas contaminadas com o protozoário transmitido pelo barbeiro, um dado científico muito preocupante, considerando que o número máximo aceitável seria 2,5 por 100 habitantes e no caso, é três vezes mais.

O município com maior índice de pessoas com doença de chagas são Severiano Melo, Felipe Guerra e Apodi, onde a média é de 10,9 pacientes doentes para um universo de 100 pessoas analisadas. Em Caraúbas, a constatação foi de 8,5 para cada 100 pessoas examinadas.

As cidades com a menor incidência de pessoas doentes com doença de chagas constatada pelas pesquisadoras são Martins e Serrinha dos Pintos, na região serrana. Segundo Kleber Mesquisa, estas região não tem clima adequado de multiplicação do barbeiro e existem muitas matas virgens onde eles podem viver sem ter que se aproximar das residências.

Já na região da chapada do Apodi e cidades próximas, o desmatamento teria feito os barbeiros se aproximaram das residências, especialmente moradias construídas de varas e barro (casa de taipa). Também tem registros de pessoas contaminadas que moram em residências de alvenaria, daí anecessidade de uma mobilização de todos contra o transmissor da doença.

Colocando os dados na mesa e analisando uma cidade pela outra, o índice de pessoas doentes na região Oeste do Rio Grande do Norte por 100 habitantes que se submeteram aos exames de sangue é 5,5, mais do que o dobro do que era esperada (2,5, no máximo) pelas pesquisadoras Lúcia Galvão e Claudia Jácome,da UFRN. Se considerar só a região de várzea, próximo aos rios, esta média sobe para 8,5, indicando onde é necessário se fazer o trabalho mais intenso de combate ao barbeiro e também de diagnóstico e tratamento das pessoas.
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