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* “Vou ter que começar tudo do zero”, diz novo prefeito de Felipe Guerra.

O quadro administrativo na Prefeitura Municipal de Felipe Guerra era pior do que se imaginava inicialmente. No primeiro dia de trabalho, o novo prefeito Haroldo Ferreira, do PSD, precisou dedetizar o prédio da Prefeitura e tomou um susto ao procurar saber das contas do município na Agência do Banco do Brasil, em Apodi. “Tem 1.700 cheques da Prefeitura sem fundos circulando na região, somente do Banco do Brasil”, diz o novo gestor.

“Vou ter que começar tudo do zero”, diz novo prefeito de Felipe Guerra, lembrando que vai responsabilizar os ex gestores judicialmente pelos desmandos e assim tentar, junto ao Poder Judiciário e fiscalizador, limpar o nome da Prefeitura de Felipe Guerra.

Sob intervenção, o Ministério Público Estadual, representado no ato pelo promotor Silvio Brito conseguiu fazer um cronograma para pagar os servidores municipais, contas de energia e comprar medicamentos para o hospital do município. Só que o último prefeito interino, o vereador Reginaldo Luciano, não aceitou fazer o processo de transição, restando para o novo prefeito corrigir, segundo documentos, o descaso administrativo deixado pelo ex-prefeito.

Haroldo decretou estado de emergência administrativa por 60 dias, suspendeu todos os contratos e empenhos e determinou a realização de um censo funcional no quadro de servidores do município. Não havia nenhum documento que norteasse a funcionalidade das secretarias e os programas de computadores nos poucos computadores que restaram na sede da Prefeitura foram deletados. “Já registramos queixa na Polícia”, disse o prefeito. 

A dedetização, segundo Haroldo, foi necessária e era urgente, pois existe uma grande quantidade de cupins destruindo portas, caibros, linhas e até divisórias das salas dentro da Prefeitura. O teto pode cair. Num prédio anexo da Prefeitura, foi encontrado os documentos escolares de centenas de estudantes nas últimas décadas sendo consumido por cupins.  Muitos já estão destruídos, deixando um prejuízo irreparável.

Neste mesmo ambiente, existem centenas de livros didáticos jogados num canto, que deveriam ter sido entregues aos estudantes do município nos últimos oito anos. “A nossa principal preocupação aqui é garantir a funcionalidade do básico nos serviços de saúde e principalmente fazer um esforço para começar o ano letivo”, explica o prefeito Haroldo Ferreira conversando com o assessor jurídico Júlio César.

“Vamos ter que começar o zero”. Com orientação da Assessoria Jurídica, o prefeito Haroldo Ferreira disse que o primeiro passo para uma nova gestão será aprovar um projeto de lei na Câmara Municipal para uma reforma administrativa. “Em seguida vamos fazer um censo no corpo funcional da Prefeitura. Precisamos saber quem trabalha aqui para fazer uma folha de pagamento, já que a que a que existia deletaram”, explica. 

Por orientação do assessor jurídico, o gestor também vai abrir sindicância interna na Prefeitura para responsabilizar e até reaver os recursos pagos indevidamente as pessoas que não trabalhavam. O Ministério Público Estadual já apura os outros casos ainda mais graves, onde constavam nomes de pessoas na folha de pagamento mensal da Prefeitura, mas que esta pessoa não recebia estes valores, como é o caso da ex-prefeita de Rodolfo Fernandes.

Sobre as contas bancárias e os cheques sem fundos e cancelados, Haroldo Ferreira e o secretário de Administração Antônio Heronildes e o assessor jurídico Júlio César disseram que aguardam o relatório da Caixa Econômica, BNB e Bradesco para se ter uma noção do que foi feito pelo ex-prefeito e como será corrigido. “Já temos informações de que ele emitia cheques que somados chegavam a um valor de R$ 500 mil e depois cancelavam todos”, disse.

Transporte – A lista veículos da Prefeitura foi entregue num pedaço de papel. São três ônibus escolares doados pelo Governo Federal, dois tratores e duas ambulâncias sem funcionar. “Não tem nem bicicleta para o prefeito ir assinar documentos em Apodi, Mossoró ou Natal”, reclama o prefeito Haroldo Ferreira. Ele disse que parte do patrimônio do município foi doado pelo ex-prefeito a pessoas e instituições da região com aval da Câmara Municipal.
Fonte: Jornalista Cezar Alves
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