Há uma boa justificativa para o fato de existirem bem menos pessoas
presas atualmente no Brasil por decorrência de investigações do
Ministério Público do que aqueles que são detidos pela Polícia Civil,
conforme apontou diretor da Associação Nacional dos Delegados de
Polícia, Magnus Barreto. E o motivo disso não tem nada a ver com o fato
do MP poder ou não investigar. Segundo o presidente da Associação dos
Promotores de Justiça do RN (Ampern), Eudo Leite, o motivo é que o MP
investiga crimes praticados por poderosos, enquanto as polícias prendem
pessoas mais humildes.
“Magnus tem alguma razão no que está dizendo pelo simples fato de que
quem está investigando os crimes de corrupção, de colarinho branco, os
poderosos, é o Ministério Público. A Polícia está investigando só preto,
pobre e prostituta. Portanto esses vão para cadeia normalmente no
Brasil”, afirmou o presidente da Ampern.
Segundo Eudo Leite, “os políticos, a classe econômica poderosa nesse
país, a gente tem uma grande dificuldade de colocar na cadeia. Mas o MP
tem feito um trabalho exemplar. Tem investigado, tem acusado. Tem
conseguido prisões para permitir que o processo possa andar, prisões
preventivas, que permitem a não destruição de provas”.
Além disso, o fato das condenações não terem sido deferidas até o
momento, em muitos casos, não é consequência da investigação, mas sim do
ritmo processual mesmo. “Condenação ou não, aí é um problema do sistema
judicial brasileiro. É um problema de cultura. É um problema do
processo ser muito mais complexo, ter grandes advogados, que cria uma
grande dificuldade para o processo tramitar adequadamente. Na verdade,
os poderosos, a quem o MP atinge, realmente, há muito mais dificuldade
para que eles sejam condenados”, analisou.
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