Por trás do debate jurídico na troca de cartas entre o senador
petista Eduardo Suplicy e o ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar
Mendes, há um forte componente político. O pano de fundo é o
desdobramento do julgamento do mensalão.
Um grupo de ministros do STF não esconde mais a contrariedade com a
decisão do PT de fazer um embate público para questionar a tramitação da
ação penal 470. A estratégia da cúpula petista é clara: a de tentar
minimizar o desgaste da imagem do partido, principalmente em ano
eleitoral.
Foi dentro dessa estratégia, que os petistas decidiram fazer a
“vaquinha” para pagar as multas dos condenados no mensalão: José
Genoino, Delúbio Soares, José Dirceu e também João Paulo Cunha. Para
alguns ministros do Supremo, esse gesto funcionou como uma espécie de
contestação política do julgamento.
O que fica claro é que o senador Eduardo Suplicy funcionou como uma
espécie de instrumento pelo qual o ministro Gilmar Mendes quis mandar o
seu recado de que a pena para os condenados é impessoal e
intransferível.
Mas ao mesmo tempo, ao sugerir num primeiro momento que havia
suspeitas de lavagem de dinheiro nessas doações, o ministro da Suprema
Corte deixou o PT numa situação desconfortável. Tanto que o partido
entrou com uma interpelação judicial para que o ministro esclareça suas
manifestações.
Diante dessa queda de braço, uma coisa é certa: setores do PT já
reconhecem que esse debate sobre a origem milionária desses recursos
para pagar as multas dos condenados no mensalão trará um novo desgaste
ao partido em ano de eleição presidencial.
Blog do Camarotti.
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