A principal característica que diferencia uma empresa de marketing
multinível de uma pirâmide é a origem de seus ganhos. Se a receita que
sustenta a empresa for proveniente da venda de um produto, a operação é
legal. Se a origem do dinheiro for a adesão de novos membros a uma rede,
tudo indica se tratar de uma pirâmide. Diante desse critério, não resta
dúvida que a TelexFree dos Estados Unidos é um esquema de pirâmide
financeira. Segundo documentos protocolados na Justiça americana, a
empresa faturou apenas 1,3 milhão de dólares com a venda de seu produto:
um serviço de telefonia via dados (Voip), que permite ligações a preços
abaixo dos praticados pelas operadoras. Contudo, segundo a Justiça, a
empresa arrecadou 302 milhões de dólares por meio da adesão de
“divulgadores”.
Os documentos mostram ainda que
apenas 26,3 mil serviços de Voip foram vendidos pela TelexFree nos
Estados Unidos. No entanto, a empresa contava com 48.000 divulgadores de
seu pacote AdCentral (cuja adesão custava 339 dólares) e 202.000
membros no pacote AdCentral Family (com adesão a 1.425 dólares). Ou
seja, a conta entre os serviços vendidos e a quantidade de divulgadores
não fecha. Ocorre que as pessoas que ‘investiam’ (por assim dizer) nos
pacotes obtinham ganhos com base na quantidade de anúncios da TelexFree
que postavam nas redes sociais e no número de novos membros que
conseguiam angariar para a rede — e não nos serviços de telefonia que
vendiam. “Em resumo, a TelexFree tem operado uma clássica pirâmide
financeira. Seus ganhos advindos do Voip são muito pequenos e a empresa é
forçada a usar dinheiro de novos entrantes para pagar os investidores
mais antigos”, afirma o documento protocolado na Justiça.
No Brasil, a TelexFree também teve sua operação bloqueada, mas ainda
está sob investigação. Nos Estados Unidos, há uma acusação formal contra
a empresa feita pela Securities and Exchange Comission (SEC), a
autoridade que regula o mercado de capitais americano. No Brasil, o
sócio da TelexFree Carlos Costa afirmou em um vídeo datado de 15 de
agosto do ano passado que a empresa “nunca foi e nunca será” uma
pirâmide financeira. “Nós não dependemos de ninguém entrar no sistema
para poder pagar as pessoas que já estão nele”, disse.
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