O ex-ministro do STF (Supremo Tribunal
Federal) Joaquim Barbosa classificou como “chocante” o depoimento do
ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco, na terça-feira (10), à CPI criada
na Câmara dos Deputados para apurar irregularidades na estatal.
Barbosa foi ao Twitter na madrugada
desta quarta-feira (11) comentar o depoimento. “Como milhões de
brasileiros, vi a programação da TV Câmara ontem. Chocante”, escreveu.
Barusco, que admite o recebimento de
propinas e a divisão delas com o PT, detalhou na terça seu
relacionamento com o tesoureiro do partido, João Vaccari Neto -citando
jantares em hotéis e contatos por mensagens telefônicas- e contou que, a
pedido do petista, providenciou o repasse de US$ 300 mil para a
campanha da presidente Dilma Rousseff em 2010.
O ex-gerente também revelou que o
Ministério Público está fazendo o levantamento dos registros
telefônicos, para fazer o cruzamento e comprovar esse elo com Vaccari. O
telefone que usava na época, porém, era seu funcional, e não pessoal
-por isso diz não ter mais detalhes. Ele ainda confirmou que começou a
receber propina da SBM entre 1997 e 1998, época da gestão Fernando
Henrique Cardoso, mas não entrou em detalhes porque, segundo ele, está
sendo investigado pelo Ministério Público Federal e pela Justiça
holandesa.
A secretaria de Finanças do PT -chefiada
por Vaccari Neto- contestou o depoimento afirmando que Barusco não
apresentou prova ou indício que liguem o tesoureiro do partido ao
recebimento de propinas.
Antes de postar a mensagem, o ex-ministro do STF afirmou ser importante falar um pouco de história “no momento atual”. E escreveu: “1) Quem diria em maio de 1789 que aquele convescote estranho realizado em Versalhes iria desembocar na terrível revolução francesa? 2) Em 15/11/1889, nem mesmo o general Deodoro da Fonseca tinha em mente derrubar o regime imperial sob o qual o Brasil vivia. Aconteceu. 3) nem o mais radical bolchevique imaginaria lá pelos idos de 1914 que a 1a guerra mundial facilitaria a queda do regime czarista da Rússia.”
Segundo Barbosa, a história no Brasil
“pouca gente pensa nas ‘voltas’ e nas ‘peças’ que a História dá e
aplica”. Ele avaliou ser um “tremendo erro” ver o depoimento de Barusco à
CPI apenas sob a ótica partidária.
“Partidos são meros instrumentos. Nossa
nação não se construiu e tampouco se define à luz de momentâneos
interesses partidários”, finalizou.
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