O comando do Congresso foi avisado nos
últimos dias que constará na lista de políticos envolvidos com esquema
de corrupção na Petrobras, feita pelo Procurador-Geral da República,
Rodrigo Janot, e enviada ao Supremo Tribunal Federal nesta terça-feira (03).
Citados na Operação Lava Jato, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha
(PMDB-RJ) e Renan Calheiros (PMDB-AL) devem ter contra si pedido de
inquérito pelo Ministério Público. A informação foi confirmada à Folha
por interlocutores do Planalto.
A informação de que Cunha seria alvo da Procuradoria foi antecipada pela Folha em janeiro.
Cunha sempre negou ter qualquer envolvimento com o esquema apurado
pela PF. Ele nega que tenha sido avisado de que será alvo de inquérito.
Também Renan nega qualquer envolvimento com o esquema de desvio de recursos da estatal.
Os nomes dos políticos surgiram em depoimentos prestados à Justiça
por Youssef e o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, que
firmaram acordos de delação premiada com a Justiça.
A partir do pedido de abertura de inquérito, caberá ao relator da
Lava Jato no Supremo, ministro Teori Zavascki, aceitar ou não o início
das investigações sobre Cunha e os demais suspeitos que se encaixam
nesta situação. É praxe na corte, no entanto, acatar este tipo de
demanda.
A aceitação do inquérito não significa culpa. Somente após as
investigações e o processo no STF, os acusados serão inocentados ou
condenados por eventuais crimes.
CALHEIROS
A contadora de Alberto Youssef, Meire Poza, afirmou, no ano passado,
em depoimento à CPI mista da Petrobras, que o doleiro negociou com Renan
Calheiros uma operação financeira de R$ 25 milhões envolvendo o fundo
de pensão dos Correios, o Postalis, ligado ao PMDB, para financiar um
negócio do doleiro.
A contadora afirmou ainda que a negociação nunca se concretizou
porque o doleiro foi preso dias depois do encontro com o presidente do
Senado.
Em nota, Calheiros informou “que nunca esteve, agendou conversas e nunca ouviu falar de Alberto Youssef e de sua contadora”.
CUNHA
De acordo com investigadores que atuam no caso, Eduardo Cunha é
suspeito de ter recebido dinheiro do esquema por meio do policial
federal Jayme Alves de Oliveira Filho, o “Careca”, que atuaria como um
dos funcionários do doleiro Alberto Youssef.
De acordo com a Polícia Federal, o “Careca” seria responsável por
entregar dinheiro em espécie a pessoas indicadas pelo doleiro Youssef.
Ele também teria se aproveitado da condição de policial federal para
facilitar o embarque e desembarque de outros funcionários do doleiro em
aeroportos.
Á época, o então candidato à presidência da Câmara afirmou que as declarações do “Careca” eram frágeis.
“É um fato absolutamente conhecido. Ele não afirma que se trata de
mim, mas que apenas ouviu dizer. E a localização não tem nada a ver
comigo, o endereço não bate com o meu endereço. Estou absolutamente
tranquilo”, argumentou o peemedebista.
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