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* Delegado da Lava-Jato critica posicionamento de Rodrigo Janot.

O delegado Eduardo Mauat, um dos integrantes da força tarefa da Operação Lava-Jato, cobrou explicações públicas do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Ele rebateu as críticas de Janot que esta semana pediu a suspensão dos depoimentos de políticos envolvidos no esquema de corrupção da Petrobras por entender que a PF estaria “atropelando as investigações”.

Nesta semana, a relação da PF e a Procuradoria Geral da República (PGR) entrou em rota de colisão e tem como pano de fundo a disputa pelo protagonismo nas investigações dos envolvidos com foro privilegiado. Na quarta-feira, o ministro Teori Zavascki suspendeu os depoimentos desta semana atendendo a um pedido do procurador-geral. Em nota, a PF negou condenou a medida.

Na nota, a PF registra que não há determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) de qual deve ser a ordem para o cumprimento das fases da investigação e que o MPF tem participado dos trabalhos.

— Nós estamos acompanhando com grande curiosidade qual vai ser a explicação do Ministério Público Federal, do procurador Rodrigo Janot, em relação a suspensão dos depoimentos que estavam marcados. No primeiro momento foi imputado à PF a demora no andamento desses procedimentos no Supremo Tribunal Federal e, agora, por iniciativa do MPF esse procedimento foi paralisado — disse o delegado.

Mauat também reclamou do atraso nos repasses das diárias aos agentes e delegados que participam da Operação Lava Jato. Segundo o delegado, há dois meses, eles não recebem a diária de R$ 200,00, usada para pagar alimentação e hospedagem dos policias que são de outros sedes, mas que estão em Curitiba por causa da operação. O rombo já chegaria a R$ 200 mil.

— Existe um atraso no repasse das diárias e isso pode vir a causar um prejuízo sério na investigação - alertou Mauat.

Nesta semana, a divergência entre a PF e Procuradoria levou a suspensão de sete inquéritos que investigam políticos e operadores do esquema, a pedido de Janot. Para o procurador, a PF está se precipitando. Ele alegou que os delegados estariam intimando e interrogando parlamentares sem a informação necessárias para aprofundar a apuração.

Em geral, depoimentos de investigados, considerados peças de defesa, ocorrem no final de um inquérito. Desta vez, a PF teria invertido essa ordem, ouvindo deputados e senadores antes de ouvir outras pessoas e, assim, levantando dados adicionais para confrontar com respostas dos investigados.

Além disso, dois episódios estão entre os motivos para a decisão da PGR: a pressão de assessores parlamentares junto à Polícia Federal (PF) para agilizar os depoimentos de pelo menos dois investigados e a existência de perguntas e respostas prontas numa dessas oitivas, antes mesmo da chegada de um procurador da República para participar do depoimento. O GLOBO apurou que a pressão partiu de assessores dos senadores Humberto Costa (PT-PE), líder do partido no Senado, e Gleisi Hoffmann (PT-PR).
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