O ex-ministro Joaquim Barbosa, do Supremo Tribunal Federal
(STF) disse nesta quarta feira, 20, que a presidente Dilma Rousseff (PT)
cometeu um ‘erro político imperdoável’ ao não vetar a lei aprovada pelo
Congresso que aumentou os recursos destinados ao Fundo Partidário.
“Há cerca de um mês a presidente da República, em um gesto
absolutamente insensato, deixou de vetar uma lei irracional votada pelo
Congresso que aumentou o valor do fundo partidário. Essa verba do
orçamento que banca as atividades dos partidos, essa verba era algo de
duzentos e poucos milhões de reais, que já era uma quantia enorme, foi
aumentada para 900 milhões de reais.A presidente da República deveria
ter vetado, mas deixou passar, um erro político imperdoável”, disse o
ex-presidente da mais alta Corte judicial do País.
Barbosa participou em São Paulo do congresso da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais (Anbima). Ele disse que “a corrupção pública é muito incentivada pelo modelo de organização da política que foi adotada”.
“A evolução do sistema político brasileiro contribui para isso (a
corrupção)”, afirmou o ex-ministro. “Um sistema partidário fragmentado,
sistema de partidos políticos destituídos de qualquer ideário, de
qualquer conotação ideológica ou o que o valha. A atividade politica se
tornou um meio para se atingir outros objetivos que não aquele de
atender os interesses da coletividade. E impune”.
Ele afirmou que “o esporte mais praticado pelo Congresso é a vontade
de derrotar o Executivo nessa ou naquela proposta”. Segundo Barbosa, o
Congresso “em vez de contribuir propositivamente com políticas públicas,
usa seu poder muito mais para chantagem, não é participativo” Em sua
avaliação, “o Legislativo se acomodou ao presidencialismo de coalizão”.
Ao criticar a ampliação dos recursos destinados ao Fundo Partidário,
Joaquim Barbosa foi enfático. “Há hoje coisas inaceitáveis que o
brasileiro sequer discute. A ideia de tirar uma parcela, uma fatia
importante do orçamento público dedicada aos parlamentares para que
possam usar lá em seus currais é algo absolutamente inaceitável.”
“Eu vejo tudo isso com uma involução. O Poder legislativo, que é
extremamente importante, está muito preocupado em se perpetuar nos
cargos.”
Da platéia que o aplaudiu demoradamente, o ex-ministro ouviu a
pergunta. “O sr. vai nos dar o privilégio de se tornar candidato a
presidente em 2018?”. Ele disse que “tornar-se presidente de seu país é a
honra suprema”.
Em seguida, fez uma ressalva, em meio à ovação. “Mas, em primeiro
lugar é preciso ter vontade e até hoje não tive essa vontade, é
simples”, disse Barbosa. “Pode ser que daqui a alguns anos, mas essa
vontade até hoje não tive, não.”
fonte: Estadão Conteúdo.Registe-se aqui com seu e-mail
ConversãoConversão EmoticonEmoticon