O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa comentou na madrugada desta terça-feira as declarações da presidente Dilma Rousseff,
em Washington, sobre o depoimento demolidor do empreiteiro Ricardo
Pessoa, da UTC Engenharia, segundo quem a campanha da petista foi
abastecida com dinheiro desviado de contratos da Petrobras. Barbosa
afirma que nunca viu um chefe de estado tão mal assessorado como Dilma -
e lembra a presidente que "zelar pelo respeito e cumprimento das leis
do país é uma das mais importantes missões constitucionais de um
presidente da República".
Para jurista, 'doação oficial' da UTC não livra Dilma de punição
Questionada sobre as declarações de Pessoa, trazidas à luz por VEJA,
Dilma proferiu a seguinte declaração: "Eu não respeito delator. Até
porque eu estive presa na ditadura e sei o que é. Tentaram me
transformar em uma delatora". Depois, a presidente recorreu aos livros
de História. "Há um personagem que a gente não gosta, porque as
professoras nos ensinam a não gostar dele. E ele se chama Joaquim
Silvério dos Reis, o delator. Eu não respeito delator", afirmou,
mencionando o homem que traiu os inconfidentes em Minas Gerais.
"A assessoria da presidente deveria ter-lhe informado o significado
da expressão 'law enforcement': cumprimento e aplicação rigorosa das
leis", escreveu o ex-ministro.
Barbosa classificou a resposta da presidente como uma tentativa de
"'investir politicamente' contra as leis vigentes, minando-lhes as
bases". "Caberia à assessoria informar a presidente que: atentar contra o
bom funcionamento do Poder Judiciário é crime de responsabilidade!",
afirmou o ex-presidente do STF, que encerra: "Reflitamos coletivamente:
vocês estão vendo o estrago que a promiscuidade entre dinheiro de
empresas e a política provoca nas instituições?". "Esqueci de dizer:
'colaboração' ou 'delação' premiada é um instituto penal-processual
previsto em lei no Brasil! Lei!!!".
Joaquim Barbosa.
Registe-se aqui com seu e-mail
ConversãoConversão EmoticonEmoticon