Quem contava com o abono salarial para reforçar o orçamento familiar e
quitar dívidas no segundo semestre deve se preparar. O governo decidiu
que 10,6 milhões de trabalhadores — que receberam até dois salários
mínimos por pelo menos 30 dias no ano passado —, nascidos entre janeiro e
junho, só poderão sacar o dinheiro a partir do primeiro trimestre de
2016.
Essas pessoas são as que mais sofrem com a inflação, que, nos seis
primeiros meses do ano, acumula alta de 6,28%. Elas destinam 80% da
renda para comprar alimentos, que ficaram 7% mais caros de janeiro a
junho, conforme o Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15). A
decisão do Executivo surpreendeu os analistas, uma vez que essa camada
da população garantiu boa parte dos votos que reelegeram a presidente
Dilma Rousseff.
A decisão do governo divide com a população com renda mais baixa o
custo do ajuste fiscal. Com a arrecadação em queda, a equipe econômica
tem dificuldades para cumprir a meta de superavit primário de 1,1% do
Produto Interno Bruto (PIB). Para reforçar o caixa do Tesouro Nacional, o
Executivo definiu, no entanto, que os gastos com o benefício se
limitariam a R$ 10,1 bilhões em 2015. Nas contas do Ministério do
Trabalho e Emprego (MTE), seriam necessários R$ 18 bilhões para custear o
abono para os 23,4 milhões assalariados, entre julho e outubro, como
ocorria até o ano passado.
Dilma Rousseff.
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