-

* Delator da Lava-Jato diz que Cunha pediu propina de US$ 5 milhões

O consultor Júlio Camargo afirmou à Justiça Federal, nesta quinta-feira, que foi pressionado pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) a pagar US$ 10 milhões em propinas referentes a dois contratos de US$ 1,2 bilhão de navios-sonda, assinados pela Petrobras entre 2006 e 2007. A informação foi confirmada ao GLOBO por três pessoas presentes no depoimento e consta em vídeos da oitiva gravados no âmbito da Operação Lava-Jato. Segundo Camargo, Cunha pediu US$ 5 milhões pessoalmente a ele.

Ao GLOBO, Cunha negou a acusação e afirmou que o delator é um “mentiroso”. O peemedebista também divulgou uma nota em que desafia o delator a provar as acusações.

— Ele (Júlio Camargo) é mentiroso. Um número enorme de vezes dele negando qualquer relação comigo e agora (ele) passa a dizer isso. Obviamente, ele foi pressionado a esse tipo de depoimento. É ele que tem que provar. A mim, eu nunca tive conversa dessa natureza, não tenho conhecimento disso. É mentira — disse Eduardo Cunha.

Um dos primeiros delatores da Lava-Jato, Júlio Camargo trabalhou como consultor das empreiteiras Toyo Setal e Camargo Corrêa. Nesta semana, ele voltou a ser interrogado pelo juiz Sérgio Moro e fez revelações que, embora não constassem de seus primeiros depoimentos no Paraná, foram feitas nos últimos meses à Procuradoria Geral da República (PGR), em Brasília.
ADVERTISEMENT

Segundo Camargo, em 2011, quando representava a empresa Sansumg, foi surpreendido por dois requerimentos apresentados na comissão de fiscalização da Câmara dos Deputados para investigar a atuação da empresa em seus contratos de construção de sondas. Segundo ele, por intermédio de ex-diretor da Petrobras, ele teve um encontro com o então ministro de Minas e Energia Edson Lobão na base aérea de Santos Dumont onde mostrou o requerimento:

— Edson Lobão viu o documento e falou: “Isso é coisa do Eduardo (Cunha)”. Ele pegou seu celular e ligou pro deputado Eduardo Cunha na minha frente. Ele disse: “Eduardo, estou aqui com o Júlio Camargo, você está louco?” Não sei o que o deputado respondeu, mas disse: “você me procure amanhã cedo no meu gabinete em Brasília que eu quero conversar com você” - disse o delator. 
Proxima
« Anterior
Anterior
Proxima »