Surpreendidos pela inventividade da capa desta semana, os milicianos
que a cada sete dias juram de morte a revista sem a qual não sabem viver
dormirão sonhando que VEJA finalmente escancarou a opção pelo
sensacionalismo jornalístico. A profusão de cores, o gigantismo das
letras, um ponto de exclamação no papel de borduna do idioma, o tom
estridente ─ são deliberadamente escancaradas certas semelhanças com
tabloides ingleses especializados na difusão de notícias escandalosas.
Cretinos fundamentais não têm cura. Nem vale a pena sugerir-lhes que
leiam a constatação resumido no círculo azul que enfeita a testa de
Eduardo Cunha.
Segundo definição da própria revista, através do colunista Augusto
Nunes, a capa recorreu a elementos do jornalismo sensacionalista para
sublinhar a verdade perturbadora: sensacionalistas são os fatos.
Sensacionalista é a crise institucional sem precedentes, ou a dinheirama
inverossímil movimentada pelos gatunos da Petrobras.
Sensacionalista é a conjugação dos quatro assombros que se aglomeram
em poucos centímetros de papel. No canto superior esquerdo, por exemplo,
um ex-presidente abalroado por um modestíssimo Fiat Elba reaparece na
cena do crime tripulando carrões de matar de inveja a lista inteira dos
bilionários da Forbes. O quarentão que subiu a rampa do Planalto
fingindo caçar marajás é agora o quase setentão que pode deixar o Senado
na traseira de um camburão.
Capa.
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