O traficante Celso Pinheiro Pimenta, o Playboy, 32 anos, foi morto
nesta tarde durante um confronto com homens da Coordenadoria de Recursos
Especiais da Polícia Civil, da Delegacia de Repressão a Entorpecentes
da Polícia Federal e da Coordenadoria de Inteligência da Polícia
Militar, numa megaoperação no Morro da Pedreira, em Costa Barros, Zona
Norte do Rio de Janeiro. Filho de família típica de classe média carioca
— daí ter ascendido na bandidagem como Playboy — era o criminoso mais
procurado do Brasil.
Segundo apuração de VEJA.com, Playboy vinha sendo monitorado pela PF
ao longo de meses. A ação que resultou em sua morte foi engendrada nos
últimos dias. Era pouco mais de meio-dia quando os policiais entraram na
favela, Os investigadores tinham a informação de que o marginal iria a
uma certa casa, onde tomaria parte de uma sessão de umbanda. Playboy, de
fato, havia acertado com uma mãe-de-santo de passar por um ritual a que
se submetia a cada 8 de agosto: tomar um banho de sangue de bode para
“fechar o corpo”. Na noite anterior, porém, havia participado de uma
festa regada a uísque e energético, dormiu demais e se atrasou para o
encontro. Vigiado em tempo real pelos policiais, ainda estava na casa da
namorada quando foi flagrado. Em terra, um veículo blindado seguiu para
lá; no ar, dois helicópteros completavam o cerco.
Houve um intenso confronto entre os bandidos que faziam a segurança
de Playboy e a polícia. Os marginais tentaram resistir, mas se viram em
desvantagem e acabaram fugindo. Dentro da casa, Playboy tentou reagir,
atirando com uma pistola, mas acabou alvejado próximo à cozinha. No
imóvel, os policiais encontraram uma pistola e um fuzil. Ainda com vida,
o bandido foi conduzido ao Hospital Geral de Bonsucesso, mas morreu no
caminho. Depois do confronto, a Polícia Militar decidiu ocupar a região
da Pavuna e de Costa Barros por tempo indeterminado. O comércio foi
fechado durante o dia.
Playboy ganhou destaque nas páginas policiais depois que sua
quadrilha transformou a região da Pavuna no lugar onde mais se registram
roubos de carga no mundo. Na virada do ano, outro episódio também o
colocou no foco da polícia. Cerca de duzentas motos foram surrupiadas de
um depósito do departamento de trânsito da cidade e ele foi
responsabilizado pelo ataque.
No início deste ano, Playboy deu uma longa entrevista a VEJA e contou
detalhes sobre sua vida criminosa, em duas sessões de mais de sete
horas. Na ocasião, sabendo-se na mira da polícia, disse que só via para
si dois desfechos: cadeia ou morte. Ficou claro que seu poder se fincava
sobre a corrupção policial, embora não tenha entregado nenhum nome da
banda podre que alimentava. Viaturas e blindados da PM percorriam as
vielas da favela atrás de propina mensal estimada em 100 000 reais. Era o
que os fazia cerrar os olhos aos desmandos e variados crimes de
Playboy. No ano passado, ele chegou a ser capturado e passou horas
algemado. Sua liberdade custou exatos 648 000 reais, rateados entre os
policiais envolvidos. Ainda entregou dois fuzis AK-47 e correntes que
seus homens iam arrancando do pescoço. Tudo era pesado numa balança. Deu
4,5 quilos de ouro.
Já morto.
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