Preciso ter cautela nas minhas palavras para não incorrer no mesmo
infortúnio que experimentei. Ontem, oito de outubro, foi vinculado nos
meios de comunicação, que um preso da Cadeia Provisória de Caraúbas,
havia sido recapturado, após empreender fuga pela porta da frente, (e
pasmem!), utilizando para esse fim, a viatura da unidade.
Ainda não havia conseguido entender direito como a história ocorrera,
até que todo o fato – de maneira bem sucinta - se deu, uma vez que o
preso em tela, estava juntando esterco para a nossa horta e nosso
jardim.
A “fuga” seria há 500 metros da cadeia, o preso estaria com uma pá,
juntando esterco em sacos. Não quero que pareça ironia, é apenas a
verdade.
Se houveram falhas no deslocamento desse preso, assumirei. Se ele saiu
com ou sem permissão, será tratado no devido processo. Minhas falhas, se
assim existiram, serão devidamente assumidas, como sempre foram! Aliás,
errar nunca foi motivo de vergonha. Erro e continuarei a fazê-lo, ainda
que na ânsia de acertar.
É importante ressaltar que não houve fuga, nem tentativa, tão pouco
prevaricação dos meus agentes. Enfatizo que a maioria dos meus agentes
penitenciários são homens que têm o meu respeito e minha confiança. Se
tiverem de atirar pedras, façam em mim, não neles.
Longe de querer julgar o trabalho de quem quer que seja, até porque o
meu foi duramente julgado e sei como isso é ruim, apenas quero
esclarecer que tudo não passou de um grande mal entendido.
Bem verdade que num sistema como o prisional, todo passo dado deve ser
cuidadosamente programado. Estou aprendendo aqui dentro, infelizmente, a
me policiar tanto ao ponto de quase me robotizar. Todavia, recuso-me a
não acreditar nas pessoas e na sua essência. Talvez seja mais um erro.
Pagarei para ver.
Diante do ocorrido, dada a versão dos fatos, peço desculpas a todos pelo
mal entendido. Agradeço demasiadamente a quem me estendeu a mão: foi
por isso que não caí.
Apenas abrindo um parêntese para encerrar minhas palavras, quando falo
na luta para não me “robotizar” por causa do sistema, lembro-me de
Charlie Chaplin, no discurso do “O Grande Ditador”, onde ele diz: “Não
sois máquina! Homens é que sois! E com o amor da humanidade em vossas
almas. Não odieis! Só odeiam os que não se fazem amar...” Portanto,
sigamos!
Ivna Benevides.
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