O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, em entrevista ao
"Jornal do SBT" veiculada nesta quinta-feira (5), que não tem medo de
ser preso durante as investigações tanto da Operação Lava Jato quanto da
Operação Zelotes. Apesar de ter sido citado no curso das operações,
Lula não é investigado e não há nenhuma acusação formal contra ele em
nenhuma das investigações.
"Não temo. Não temo ser preso porque eu duvido que tenha alguém neste
país, do meu pior inimigo ao meu melhor amigo, que diga que um dia teve
uma conversa comigo ilícita. Duvido. Então eu tenho a consciência
tranquila", afirmou Lula.
"Eu acho que essas coisas [investigações] são normais de um pais democrático", destacou o ex-presidente.
Questionado pelo jornalista Kennedy Alencar sobre declarações do
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso de que o petista teria "plantado
as sementes" do esquema de corrupção que atuava na Petrobras e que é
"encantado pelas delícias do poder", Lula disse que FHC "sofre" com o
seu "sucesso".
"Eu deveria ter apreço pelo Fernando Henrique Cardoso porque tenho uma
boa relação com ele mas eu acho que ele tem um problema comigo. É um
problema de soberba. Ele sofre com o meu sucesso", criticou Lula.
Equívocos
Assim como já havia feito em um discurso na última semana, o
ex-presidente afirmou que a presidente Dilma Rousseff cometeu
"equívocos" durante o atual governo. Ele também voltou a criticar a
mudança de discurso em relação às promessas feitas por Dilma na campanha
eleitoral do ano passado.
"Eu não sei se o governo todo tinha clareza [sobre a situação do país
durante a campanha de 2014], porque toda vez que você conversava [com
alguém do governo], parecia ter os caminhos", disse Lula.
"Eu não digo que houve estelionato eleitoral. [...] A presidenta Dilma foi vítima do sucesso do seu primeiro mandato", afirmou.
Entre os "equívocos", Lula apontou o congelamento do preço dos
combustíveis em 2012 e as desonerações como alguns dos principais erros
do governo Dilma.
"Houve [equívocos]. Acho que a atitude de não aumentar [o preço da
gasolina] foi um equívoco. [...] Talvez o governo tenha descoberto que
desonerou tanto quando ultrapassou o limite. Foi um equívoco. Eu acho
que não deveria fazer tanta desoneração porque o governo tem que manter
uma capacidade de arrecadação", explicou o ex-presidente.
Eleições de 2018
Durante a entrevista, Lula disse estar "disposto" a ser candidato nas
eleições presidenciais de 2018 para "defender" o projeto em curso. "Se
for apenas para evitar a oposição, não precisa ser candidato", afirmou.
"O importante é defender um projeto político. Para defender esse
projeto, eu posso ser candidato outra vez. [...] Se eu perceber que ele
[o projeto] pode correr risco, você não tenha dúvidas que estou disposto
a ser candidato", complementou Lula.
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