Após um 2015 muito turbulento, um 2016 igualmente complicado se descortina para a presidente Dilma Rousseff e o país.
Analistas políticos são unânimes em
dizer que Dilma termina o ano fortalecida em sua luta para se manter no
cargo, mas apontam alguns fatores que podem inverter essa tendência ou,
no mínimo, manter seu governo fraco, ainda que ela não caia.
A principal vitória da presidente foi a
decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de barrar o rito para
tramitação do impeachment proposto pelo presidente da Câmara, Eduardo
Cunha.
Outros fatores que a fortalecem, notam
os especialistas, são a falta de unidade em torno do vice-presidente
Michel Temer como sucessor de Dilma e as graves denúncias que pesam
sobre Cunha e acabam “maculando”, de certa forma, o processo de
impeachment.
Por outro lado, ressaltam, a esperada
piora da economia no primeiro semestre de 2016 e o risco de novas
revelações e prisões dentro da Operação Lava Jato – que investiga
esquema de corrupção na Petrobras – podem criar um cenário muito
negativo para Dilma.
E o fato de a decisão sobre o
impeachment ter ficado só para fevereiro, quando o Congresso retoma suas
atividades após o recesso, potencializa esses riscos ao dar mais tempo
para eventuais desdobramentos negativos na economia e na Lava Jato.
Além disso, mesmo que Dilma sobreviva ao
impeachment, ainda terá que enfrentar processos no Tribunal Superior
Eleitoral (TSE) cujos desfechos são imprevisíveis. Há quatro ações
movidas pelo PSDB logo após a eleição de 2014 que acusam a campanha da
chapa Dilma-Temer de irregularidades e pedem sua cassação.
Se o TSE decidir a favor dos tucanos
ainda em 2016, novas eleições seriam convocadas para eleger um novo
presidente – esse é o cenário dos sonhos do senador Aécio Neves
(PSDB-MG), provável candidato do PSDB em caso de um pleito adiantado.
“Hoje parece que é mais
difícil (ser aprovado o impeachment), mas tudo na nossa política é tão
dinâmico que pode ter uma reviravolta a qualquer momento”, acredita
Pablo Ortellado, professor do curso de Gestão de Políticas Públicas da
USP.
“A gente não sabe o que a
Lava Jato vai fazer, quem vai prender, como a opinião pública vai reagir
a isso, o que vai acontecer no TSE. Tem tantos elementos, tantas pedras
se movendo, que é muito difícil fazer um diagnóstico”, acrescenta.
Dilma só no apito!
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