O procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima,
da força-tarefa da Operação Lava Jato, afirmou nesta quarta-feira, 30,
que caso o novo projeto anticorrupção aprovado pelo plenário da Câmara
seja sancionado pelo presidente Michel Temer, a ‘proposta é de renunciar
coletivamente’. Deputados aprovaram na madrugada pelo menos 11 mudanças
no texto do projeto de medidas de combate à corrupção que tinha sido
aprovado na comissão especial, na semana passada.
“Nós somos funcionários públicos, temos uma carreira no Estado e não
estaremos mais protegidos pela lei. Se nós acusarmos, nós poderemos ser
acusados. Nós podemos responder inclusive pelo nosso patrimônio. Não é
possível em nenhum Estado de Direito que não se protejam promotores e
procuradores contra os próprios acusados. Nossa proposta é de renunciar
coletivamente caso essa proposta venha a ser sancionada pelo
presidente”, disse.
Entre as mudanças aprovadas está a inclusão do crime de abuso de
autoridades para magistrados e membros do Ministério Público, emenda
apresentada pela bancada do PDT, e duramente criticada pelos membros do
Judiciário. A pena é de 6 meses a 2 anos de reclusão e multa.
Para Carlos Lima, ficou ‘claro’ com a nova proposta que
a ‘continuidade de qualquer investigação sobre poderosos, parlamentares,
políticos cria um risco pessoal para os procuradores’.
O procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da
força-tarefa da Lava Jato, fez uma contundente manifestação contra um
novo projeto anticorrupção. “A Câmara sinalizou o começou do fim da Lava
Jato”, afirmou Deltan. “A sociedade brasileira não pode mais considerar
normal o que é anormal.”
O Ministério Público Federal encampou a proposta ’10 Medidas contra a
Corrupção’, que teve apoio de mais de 2 milhões de pessoas e foi levado
à Câmara. O texto embasou um projeto anticorrupção que passou pela
Comissão Especial da casa e entrou em votação pelo plenário na noite de
quarta.
Durante a madrugada, os deputados desconfiguraram a proposta inicial e
votaram um novo pacote que flexibiliza punição a corruptos. O projeto
provocou fortes protestos de diversas entidades.
Descontentes com o parecer do relator, deputado Onyx Lorenzoni
(DEM-RS), parlamentares aprovaram emendas e destaques que incluíram
novos temas e, sobretudo, retiraram trechos do pacote que dificultam
investigações e flexibilizam a punição de corruptos. (AE)
A nota de repúdio da Lava Jato contra o ‘ataque da Câmara dos
Deputados contra a independência de Promotores, Procuradores e Juízes’: (Continuar lendo…)
MPF.
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