O clima ficou tenso na Penitenciária Estadual de Alcaçuz. Os detentos
iniciaram uma rebelião na tarde deste sábado (14) e mataram ao menos
dez pessoas, segundo informações repassadas pelas forças policiais à
imprensa no final da noite.
A rebelião foi confirmada pela Secretaria de Justiça e Cidadania do
Estado (Sejuc). O coordenador de administração penitenciária da Sejuc,
Zemilton Silva, informou à imprensa que o tumulto era de “grandes
proporções” na unidade prisional da grande Natal.
A assessoria da Polícia Militar informou que o motim começou por
volta das 16h30, quando presos do pavilhão 1 invadiram o pavilhão 5 da
penitenciária. Os pavilhões da penitenciária são controlados por facções
criminosas rivais, denominadas de PCC e Sindicato do Crime.
No final da noite de sábado, o Governo do RN emitiu nota oficial onde
detalhou as ações que foram planejadas para acabar com a ocorrência. Do
lado de fora, familiares de presos se desesperaram durante toda a noite
diante da falta de informações vindas de dentro do presídio, totalmente
controlado pelos criminosos.
14h depois, o fim
Por volta das 6h30 da manhã deste domingo (15), o Grupo de Operações
Especiais (GOE) da Secretaria Estadual de Justiça e Cidadania (Sejuc) e a
Polícia Militar, com equipes do BOPE e CHOQUE, deram início à ocupação
da Penitenciária.
De acordo com a Secretaria de Estado da Segurança Pública e Defesa
Social (Sesed), a operação foi um sucesso e o presídio está dominado
pela equipe de segurança do Governo do RN. Ao todo, a rebelião durou 14
horas e computou, até o momento, 10 mortes.
Líderes identificados
O Governo do Rio Grande do Norte, através da Sejuc e da Sesed,
identificou seis presos que lideraram a rebelião registrada neste sábado
na Penitenciária de Alcaçuz, localizada em Nísia Floresta, região
metropolitana de Natal.
Durante entrevista coletiva realizada na manhã deste domingo (15), o
secretário de Segurança, Caio Bezerra, disse que todos os líderes serão
transferidos para outras penitenciárias do Rio Grande do Norte, no
entanto, ainda não se sabe exatamente para quais unidades eles irão.
Wallber Virgolino, secretário de Justiça, informou que outros
detentos também poderão ser indiciados como mentores da rebelião no
decorrer das investigações, mas até o momento apenas estes seis estão
confirmados.
A Sejuc não descartou a possibilidade de ter havido facilitação para o
início da ocorrência e disse que trabalhará em cima de todas as
hipóteses.
Equipes do Instituto Técnico-Científico de Perícia (ITEP) estão desde
as primeiras horas da manhã deste domingo (15) dentro dos pavilhões da
Penitenciária para fazer a remoção dos corpos até a sede do órgão, onde
passarão pelos procedimentos necessários até que sejam entregues às
famílias.
O Instituto espera receber pelo menos trinta corpos oriundos da
rebelião que ocorreu durante 14h na maior penitenciária do Estado e foi
iniciada no final da tarde deste sábado. Existem corpos decapitados e
outros mutilados. Todos serão transportados até o ITEP num caminhão-baú
convencional.
Segundo informações da Tribuna do Norte, haverão cinco legistas na
sede do ITEP (três potiguares e dois paraibanos), oito necrotomistas
(seis potiguares e dois paraibanos), cinco necropapilocopistas e dois
dentistas que trabalharão na identificação dos cadáveres.
Por contar apenas com duas câmaras frigoríficas que comportam entre
20 e 30 corpos, o ITEP solicitou a chegada de um caminhão frigorífico
que virá de Fortaleza e deverá chegar em Natal ainda neste domingo para
armazenar os corpos até que todos sejam devidamente liberados. Até o
momento, nenhum foi identificado.
Detentos cortaram energia e desativaram bloqueadores de celular
Os presos que se rebelaram na Penitenciária Estadual de Alcaçuz
cortaram os cabos de energia e subiram em postes para desativar os
aparelhos que bloqueiam a chegada do sinal de rede telefônica até o
presídio (mecanismo implantado recentemente pelo Governo do Estado).
A informação também foi confirmada pelo secretário de Justiça e
Cidadania, Wallber Virgolino, durante a entrevista coletiva realizada
nesta manhã. Segundo o titular da Sejuc, o Governo não tomou medidas
nesse sentido ao lado do motim, sendo todas elas praticadas pelos
próprios detentos.
Número de mortes
Ainda na entrevista coletiva, Virgolino disse que ainda não tem o
número exato da quantidade de mortes que a rebelião registrou. Segundo o
secretário, até o final da tarde este número deverá ser reconhecido.
“Esperamos finalizar tudo isso antes do sol raiar”, concluiu.
Agora RN.
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