O secretário executivo do Ministério da Agricultura, Eumar Novacki,
anunciou nesta sexta-feira que 33 servidores da pasta foram afastados e
três frigoríficos foram fechados por envolvimento no esquema revelado
hoje pela Operação Carne Fraca, que desvendou um sistema de liberação
ilegal de carnes por empresas mediante o pagamento de propina a agentes
responsáveis pela fiscalização sanitária.
Segundo Novacki, foram interditados um frigorífico na cidade de
Mineiros, em Goiânia, que pertence à BRF, um dos maiores grupos no
mercado de carne do país, e dois da empresa Peccin Agroindustrial, em
Jaraguá do Sul (SC) e Curitiba (PR). Outros 21 frigoríficos que estão
sob suspeita ainda serão investigados por uma força-tarefa montada pelo
Ministério da Agricultura.
O esquema desmantelado pela PF seria liderado por fiscais
agropecuários federais e empresários do agronegócio, além de executivos
das empresas BRF e JBS, dois dos líderes do setor. O ministro da
Agricultura, Blairo Maggi (PP-MT), informou por meio de nota que será
necessário “separar o joio do trigo” e afirmou que o que foi descoberto
pelas investigações é “um crime contra a população brasileira, que
merece ser punido com todo o rigor”.
A Carne Fraca foi a maior operação da história da PF e contou com
aproximadamente 1.100 policiais federais, que estão cumprindo 309
mandados judiciais, sendo 27 de prisão preventiva, onze de prisão
temporária, 77 de condução coercitiva (quando a pessoa é levada para
depor) e 194 de busca e apreensão em residências e locais de trabalho
dos investigados e em empresas supostamente ligadas ao esquema.
Segundo Novacki, todas as medidas determinadas pelo ministro já foram
tomadas. “Não deixaremos nada debaixo do tapete. Nesta gestão não se
tolera esse desvio de conduta. Já estamos instaurando todos os
procedimentos administrativos, além de criarmos auditorias internas”,
disse, lembrando que o ministério tem 11.000 funcionários, sendo 2.300
envolvidos na fiscalização sanitária.
Para o secretário, o esquema revelado pela PF não representa “fatos
cotidianos”. “São fatos isolados, que não representam a postura geral da
pasta”, disse. Sobre o sistema de vigilância sanitária, Novacki afirmou
que existem falhas “porque o ser humano é falho”. Segundo ele, não há
razão para o consumidor brasileiro entrar em “pânico” diante dos fatos
revelados pela operação.
“Estamos tomando todas as providências porque de modo algum queremos
riscos à vida dos brasileiros. Não há razão para pânico, mas há razão
para medidas enérgicas, que já estamos tomando”, afirmou.
PF em ação.
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