Da Folha de São Paulo
O deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) cresceu e aparece no
segundo lugar da corrida para a Presidência em 2018, empatado
tecnicamente com a ex-senadora Marina Silva (Rede).
É o que aponta a primeira pesquisa Datafolha após a divulgação de
detalhes da delação da Odebrecht, que atingiu em cheio presidenciáveis
tucanos –que veem o prefeito paulistano, João Doria (PSDB), surgir com
índices mais competitivos.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), por sua vez,
mantém-se na liderança apesar das menções no noticiário recente da Lava
Jato.
O Datafolha fez 2.781 entrevistas, em 172 municípios, na quarta (26) e
na quinta (27), antes da greve geral de sexta (28). A margem de erro é
de dois pontos percentuais.
O deputado Bolsonaro, que tem posições conservadoras e de extrema
direita, subiu de 9% para 15% e de 8% para 14% nos dois cenários em que é
possível acompanhar a evolução. Nesses e em outros dois com candidatos
diversos, Bolsonaro empata com Marina.
Ele é o segundo nome mais lembrado de forma espontânea, com 7%. É menos que os 16% de Lula, mas acima dos 1% dos outros.
Com uma intenção de voto concentrada em jovens instruídos e de maior
renda, Bolsonaro se favorece da imagem de “outsider” com baixa rejeição
(23%) e do fato de que o Datafolha já registrava em 2014 uma tendência
conservadora no eleitorado.
Ele parece ocupar o vácuo deixado por lideranças tradicionais de
centro-direita do PSDB, golpeadas na Lava Jato, confirmando a avaliação
de que há espaço para candidaturas que se vendam como antipolíticas em
2018.
O senador Aécio Neves (MG), que terminou em segundo em 2014 e hoje é
investigado sob suspeita de corrupção e caixa dois, é o exemplo mais
eloquente da crise tucana. É tão rejeitado quanto Lula: não votariam
nele 44%, contra 30% no levantamento de dezembro passado. Sua intenção
de voto oscilou de 11% para 8%, quando era de 26% no fim de 2015.
Já o governador Geraldo Alckmin (SP) viu sua rejeição pular de 17%
para 28%, e sua intenção de voto oscilou para baixo, de 8% para 6%. Até a
delação da Odebrecht, em que é suspeito de receber R$ 10,7 milhões em
caixa dois, ele passava relativamente ao largo da Lava Jato.
Marina, com “recall” de candidata em 2010 e 2014, registra tendência
de queda nos cenários de primeiro turno. Para o segundo turno, ela segue
na liderança, mas empata tecnicamente com Lula.
O ex-presidente mostra resiliência enquanto surgem relatos de sua
relação com a construtora OAS e tendo a possibilidade de ficar
inelegível se for condenado em duas instâncias na Lava Jato.
Nos dois cenários aferíveis, suas intenções subiram para 30%, saindo de 25% e 26%.
Lula atinge assim o terço do eleitorado que era considerado, antes da
debacle do governo Dilma Rousseff, o piso de saída do PT. Parte do
desempenho pode estar associado à vocalização da oposição ao governo
Michel Temer (PMDB), impopular.
Já na pesquisa de segundo turno, Lula derrota todos exceto Marina e
um nome que não havia sido testado até agora: o do juiz Sergio Moro, que
comanda processos contra o ex-presidente na primeira instância da Lava
Jato.
Sem partido, Moro supera Lula numericamente, com empate técnico: 42% a
40%. No cenário de primeiro turno em que é incluído, o juiz chega
tecnicamente em segundo. Neste cenário, o apresentador Luciano Huck (sem
partido, mas sondado pelo Novo), estreia com 3%.
Outro neófito na pesquisa é Doria, que tem tido o nome cada vez mais
citado como pré-candidato ao Planalto. Ele ultrapassa seu padrinho
Alckmin, ainda que dentro da margem de erro. E tem duas vantagens
importantes: ainda não é um nome nacionalmente conhecido e tem baixa
rejeição, de 16%.
Na hipótese de ser o candidato tucano com Lula, Doria pontua 9% no
quarto lugar. Sem Lula, sobe para 11% mas fica na mesma posição,
ultrapassado por Ciro Gomes (PDT) –que tenta se posicionar como nome da
esquerda caso o petista não concorra. No segundo turno, Doria perderia
para Lula, Marina e Ciro.
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