SÃO PAULO (Reuters) – A força-tarefa da
operação Lava Jato em Curitiba disse nesta quinta-feira que houve
“muitas contradições” no depoimento prestado na véspera pelo
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e acusou a defesa do
ex-presidente de prestar informação falsa ao afirmar em entrevista
coletiva que não teve acesso a um documento citado no interrogatório.
Em nota, a força-tarefa afirmou que se
manifestará oportunamente sobre essas contradições que os procuradores
dizem ter identificado no depoimento, concedido no âmbito da ação penal
em que Lula é acusado de ter recebido um apartamento tríplex como
propina no esquema de corrupção na Petrobras.
“Quanto às muitas contradições
verificadas no interrogatório do ex-presidente Lula, à imputação de atos
à sua falecida esposa, à confissão de sua relação com pessoas
condenadas pela corrupção na Petrobras e à ausência de explicação sobre
documentos encontrados em sua residência, o Ministério Público Federal
se manifestará oportunamente, no processo, especialmente nas alegações
finais”, afirma a nota.
No depoimento da quarta-feira, Lula
disse que sua mulher, a ex-primeira-dama Marisa Letícia, que morreu em
fevereiro vítima de um acidente vascular cerebral, teve interesse na
aquisição de um apartamento tríplex no Guarujá e que era ela quem
tratava dos assuntos relacionados ao apartamento e à cota de um imóvel
da Bancoop, a cooperativa dos bancários, que ela havia adquirido no
mesmo prédio onde fica o tríplex.
Os procuradores negaram que os advogados
de Lula não tenham tido acesso a uma ata de reunião de diretoria da
Petrobras usada na audiência e afirmaram que o documento foi anexado ao
processo em setembro de 2016.
“A informação (dos advogados de Lula) é
falsa, uma vez que o documento está no processo desde 14 de setembro de
2016, data da acusação criminal”, informou a força-tarefa.
Lula é acusado de ter recebido o tríplex da OAS em troca de beneficiar a empreiteira em contratos de refinarias com a Petrobras.
O ex-presidente nega ser o dono do
imóvel e sua defesa afirma que ele é alvo de perseguição política
promovida por parte dos integrantes do Judiciário e do Ministério
Público.
Lula.
(Por Eduardo Simões – Reuters).
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