Após quase dois anos de investigação, o Ministério Público do Rio
Grande do Norte realizou operação contra integrantes da facção criminosa
Primeiro Comando da Capital (PCC), com atuação em quase todo sistema
penitenciário do RN de onde planejavam ações relacionadas a tráfico de
drogas, roubo de veículos, estouros de caixas eletrônicos, homicídios,
estruturação da facção, entre outros.
Denominada “juízo final”, O GAECO com apoio das Polícias Militar busca o
cumprimento de 129 mandados de busca e apreensão, 21 mandados de prisão
e 24 conduções coercitiva. As medidas estão sendo cumpridas em 18
cidades do estado, 13 estabelecimentos prisionais estaduais e um
presídio federal.
A investigação mostrou que os alvos comandam o tráfico de drogas de
dentro dos presídios apresentando uma área de atuação em praticamente
todo o sistema carcerário potiguar e mantendo articulações com
integrantes da investigada facção em outros estados do Brasil.
Cadernos apreendidos apontam a relação os integrantes da facção
criminosa, data de batismo, função e número de telefones. Além disso,
documentos com dados bancários foram apreendidos, o que colaborou para
demonstrar a movimentação financeira do grupo.
A investigação conseguiu a fixação de multa a empresa proprietária do
aplicativo whatsapp no valor de condenação de R$ 15 milhões pelo
descumprimento reiterado de ordem judicial.
Os alvos da operação vão responder pelos crimes de organização
criminosa, tráfico de drogas, lavagem de dinheiro, entre outros. O
material apreendido no cumprimento de outros mandados será analisado
junto com o que já estava em posse dos promotores que atuaram na
operação.
Facção Criminosa PCC
O Primeiro Comando da Capital tem agido em quase todo o Brasil e também
na América do Sul há mais de duas décadas comandando crimes dos mais
variados. A facção se notabilizou por grandes ações criminosas como
assaltos a bancos e carros-fortes além de rebeliões em presídios
espalhados pelo Brasil, bem como por ataques a agentes de segurança
pública. Em muitos casos, ações orquestradas dentro e fora da cadeia.
Além do nome e da sigla, a facção é identificada pelo número 1533.
Nos últimos anos, com o surgimento de outras facções nos estados e a
disputa pelo domínio territorial do tráfico, o PCC começou a travar uma
verdadeira guerra com os demais integrantes de facções inimigas nos mais
variados presídios do Brasil. Após quase dois anos de investigação,
foram apreendidos cadernos e papéis com nomes, apelidos, datas,
identificações de “padrinhos” (pessoas da facção que apadrinham o novo
integrante), a “quebrada de origem” (de onde vem aquele que busca entrar
no PCC), “quebrada atual” (onde está atuando recentemente) e as
“faculdades” (forma como identificam as unidades do sistema
penitenciário).
Foram interceptadas conferências dos líderes da facção PCC nas quais os
membros eram relacionados com nomes, alcunhas, matrícula e batismos.
Nessas conferências, presos de praticamente todos os estados da
federação se comunicavam.
Telefonia era “arma” da facção
Durante a análise dos áudios da operação, é mostrado que os principais
investigados integram uma organização criminosa com divisões de tarefas
bem definidas visando a prática de crimes, além de acirrarem a rixa
contra a facção local - Sindicato do RN.
Resgate de presos, assaltos, roubo de veículos, tráfico e plano para
matar rivais são alguns dos assuntos discutidos entre os investigados
durante o período que tiveram suas ligações telefônicas monitoradas.
Em alguns dos áudios, é possível notar que alguns dos investigados
estão comandando o tráfico de drogas de dentro dos presídios assim como
na grande Natal e com atuação em Mossoró.
Cadernos do crime
Durante o período de investigação, foram apreendidos cadernos e papéis
com informações dentro de algumas unidades prisionais do RN.
As anotações contêm nomes, apelidos, datas e números de telefones. Além
disso, há identificação dos “padrinhos” (pessoas da facção que anuem á
entrada do novo integrante), a “quebrada de origem” (de onde vem aquele
que busca entrar no PCC), “quebrada atual” (onde está atuando
recentemente) e as “faculdades” (forma como identificam as unidades do
sistema penitenciário).
Os dados contidos nas anotações registram toda a atividade criminosa e o
quantitativo de integrantes da organização a qual conta hoje com mais
de 600 integrantes do Estado.
“Cunhadas” movimentam finanças
A operação também revelou um esquema “familiar” usado pelos
investigados que estão reclusos. Mulheres conhecidas como “cunhadas”
fornecem seus dados bancários para transações financeiras dos presos.
Houve o afastamento do sigilo bancário de 184 contas relacionadas com
a facção, as quais movimentaram, num período de dois anos,
aproximadamente 6 milhões de reais.
Participam da operação 200 policiais militares, promotores de justiça,
servidores do Gaeco e agentes penitenciários estaduais e federais.
Área de Atuação da Operação
Locais de cumprimento das medidas de prisão, buscas e apreensões e cPresídio de Pau dos
Ferros, CDP Patu, CDP Parelhas, CDP Jucurutu.onduções coercitivas:
Natal, Parnamirim, Ceará Mirim, Macaíba, Baía Formosa, Mossoró, Itajá,
Felipe Guerra, Baraúna, Caraúbas, Martins, Pau dos Ferros, São Francisco
do Oeste, Tenente Laurentino Cruz.
Unidades Prisionais para cumprimento de prisões e buscas e apreensões:
Penitenciária Rogério Coutinho Madruga (Pav. 5), Alcacuz, Cadeia
Pública de Natal, CDP Zona Norte, Complexo penal João Chaves, CDP
Pirangi, PEP Parnamirim, CDP Parnamirim, Cadeia Pública de Mossoro,
CPEAMN Mário Negócio, Cadeia Pública de Caraúbas,
Presídio Federal de Porto Velho
Já estão sendo encaminhadas ao Poder Judiciário 26 denúncias contra os alvos da operação pelos crimes de tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. Outras denúncias ainda serão oferecidas.
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