Em despacho encaminhado com o objetivo de reforçar a necessidade de
prisão do ex-deputado federal Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), o
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, já adiantou uma
constatação que deverá constar na denúncia que deve apresentar até
amanhã contra o presidente da República, Michel Temer (PMDB), e Loures —
o ex-assessor especial da presidência que está preso dentro da mesma
investigação. Janot diz que, sem dúvida, Temer praticou o crime de
corrupção.
“Rodrigo Loures representa os interesses de Michel em
todas as ocasioes em que esteve com representantes do Grupo J&F.
Através dele, Temer operacionaliza o recebimento de vantagens indevidas
em troca de favores com a coisa pública. Note-se que, em vários momentos
dos dialogos travados com Rodrigo Loures, este deixa claro sua relação
com Michel Temer, a quem submete as demandas que lhes são feitas por
Joesley Batista e Ricardo Saud, não havendo ressaibo de dúvida da
autoria de Temer no crime de corrupção”, afirmou Janot.
Outra
conclusão de Janot é que “revela-se hialina [cristalina] a atuação
conjunta dos investigados Rodrigo Rocha Loures e Michel Temer”.
“Conforme
se depreende do contexto fático-probatório, os diversos episódios
narrados alhures apontam para o desdobramento criminoso que se iniciou
no encontro entre Michel Temer e Joesley Batista no Palácio do Jaburu no
dia 7 de março de 2017 e culminou com a entrega de R$ 500 mil efetuada por Ricardo Saud a Rodrigo Loures em 28 de abril de 2017”, afirmou Janot.
O
procurador ressalta que o encontro no Jaburu foi agendado por Loures e
que o fato de ser no fim da noite era para “não deixar vestígios dos
atos criminosos lá praticados”.
“As circunstâncias deste encontro,
em horário noturno e sem qualquer registro na agenda oficial do
Presidente da República, revelam o propósito de não deixar vestígios dos
atos criminosos la praticados”. Janot destrincha vários pontos de
ligação entre Temer e Loures de acordo com documentos e com conversas
obtidas nas investigações. Lembra que Loures foi chefe de gabinete de
Temer na vice-presidÊncia da República em 2011; que Temer gravou em 2014
um vídeo para campanha de Loures à Câmara dos Deputados; que em janeiro
de 2015 Loures tornou-se chefe da assessoria parlamentar de Temer na
Vice-presidência, e em abril do mesmo ano foi nomeado como chefe de
gabinete da Secretaria de Relações Institucionais da PresidÊncia da
República. “Todos esses fatos ilustram proximidade e relação de
confiança entre os dois denunciados”, disse Janot.
Janot também
destacou que Ricardo Conrado Mesquita, da Rodrimar, afirmou em
depoimento à Polícia Federal que “foi orientado a procurar Rodrigo da
Rocha Loures, uma vez que ele realizava a interlocução entre a
Vice-Presidência da República e representantes do setor privado”.
Segundo o procurador-geral, essa seria “mais uma evidencia de que Rocha
Loures atuava coma interlocutor de Michel Temer”.
Um outro ponto
que Janot afirma é que não faz sentido a alegação de que as menções a
Michel Temer nas conversas entre Joesley e Loures eram “venda de
fumaça”, que é quando alguém propagandeia influência inexistente em
relação a agente público.
Temer.
Registe-se aqui com seu e-mail
ConversãoConversão EmoticonEmoticon