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* “Queria viver um pouco mais”, disse Wilma antes de morrer.

Nos derradeiros momentos de sua vida, Wilma de Faria sabia que o desfecho de sua passagem pela terra era iminente. Mas, como fez em toda sua trajetória, lutou. Seu peito arfou tentando se agarrar à vida até o último suspiro, dado às 23h40 dessa quinta-feira.

Wilma sabia que o destino estava próximo bem antes da falência de seus órgãos ser decretada. Há nove dias, ela confidenciou: “Queria viver um pouco mais”. O emprego do verbo já no passado foi pronunciado por ela, quando havia quase dez pessoas, entre filhos e amigos íntimos, no quarto da Guerreira. Não foi uma entonação de que estava desistindo, contou o amigo Cláudio Porpino, auxiliar de Wilma durante sua vida política, foi uma afirmação de quem ainda se propunha a viver.

A ex-governadora atravessou toda a quinta-feira entubada. Nada pronunciou. O que passou por sua cabeça no último dia em que viveu descerá ao solo do Cemitério Morada da Paz, hoje à noite.

Não tendo como nada pronunciar no último dia de vida, enquanto via família e amigos se revezarem em círculo à sua alcova, Wilma se comunicou com o olhar.

A agonia, a desesperança e a bravura em resistir são as descrições de quem testemunhou a guerreira empunhar o olhar como único instrumento que lhe restou para a luta.

Os filhos e amigos passaram a se alternar ao seu ouvido com telefones dos quais saíam canções católicas, na esperança de aplacar a dor, também relatou Porpino.

Morreu como viveu: lutando. É tão dissonante a imagem de combativa se associar ao destino do esquife, resume o amigo, na atmosfera de seu velório com um riso de saudade ao dizer: “Temos a impressão de que ela vai se levantar desse caixão e sair dando bronca em todo mundo”.
Lutou até o fim!
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