Agora RN: O vereador Sandro Pimentel (PSOL) denunciou, durante sessão ordinária
da Câmara Municipal nesta quarta-feira 31, que uma empresa que presta
serviços de consultoria contábil para a Prefeitura de Natal está
recebendo recursos de maneira indevida de escolas e centros de educação
infantil. A constatação, de acordo com o socialista, aconteceu durante
visitas a unidades de ensino da capital, dentro de uma série de
vistorias feita pela Comissão de Educação do Poder Legislativo.
A
empresa, denominada Juriscon Consultoria, estaria recebendo, segundo
Sandro, mais de R$ 8 mil de cada unidade de ensino para a prestação de
contas anual das instituições e a emissão do Imposto de Renda de cada
escola ou CMEI. O valor é considerado “absurdo” pelo vereador.
O
problema maior estaria, contudo, na forma como os pagamentos estão sendo
realizados. Segundo o que o vereador apurou, a quitação desse débito é
descontada na verba que as unidades recebem para a sua manutenção. Ou
seja, o dinheiro estaria sendo desviado para outra finalidade.
“Cada
unidade, sendo escola ou creche, recebe entre R$ 15 mil e R$ 25 mil por
ano da Prefeitura para a manutenção dos prédios. Essa verba deve ser
utilizada para troca de lâmpadas, por exemplo, ou compra de material de
expediente. Ocorre que cada unidade está tendo de pagar R$ 8.124 para
esta empresa”, conta o socialista.
Tendo em vista que, de acordo
com o porte da unidade, muitos CMEIs ou escolas recebem a contribuição
mínima para manutenção (apenas R$ 15 mil), mais da metade da verba está
sendo utilizada para outro fim em determinados casos, prejudicando a
continuidade dos trabalhos nas unidades.
“São 176 unidades, entre
CMEIs e escolas. Todas pagam o mesmo valor. Se multiplicarmos a
quantidade de escolas ou creches pelo valor pago à empresa, chegaremos
ao valor de mais de R$ 1,4 milhão”, denuncia, sem saber especificar
desde quando os pagamentos estão sendo efetuados.
Em face da
aparente irregularidade, Sandro Pimentel afirma que vai oficializar a
Secretaria Municipal de Educação para que sejam prestados
esclarecimentos. “Vamos convocar a secretária [Justina Iva] na Câmara,
acionar o Ministério Público, a Justiça e fazer o que for necessário.
Pode anotar que tem roubo aí”, finaliza.
A Secretaria Municipal de
Educação de Natal emitiu nota de esclarecimento à reportagem sobre as
acusações do parlamentar do PSOL. Leia, na íntegra, abaixo:
Com relação à matéria veiculada no Agora Jornal, com o título “Vereador denuncia ‘desvio’ milionário na Secretaria de Educação da capital”, a Secretaria Municipal de Educação de Natal esclarece o seguinte:
A contratação foi iniciada a partir de encaminhamento de pendências contábeis das Unidades Executoras (Uex) das Escolas e Centros Municipais de Educação Infantil junto à Receita Federal e INSS advindo da Comissão de Análise Contábil e Financeira (CACF), vinculada à Procuradoria Geral do Município;
As pendências foram decorrentes do não cumprimento de obrigações acessórias fiscais por parte das Uex, tais como envio de DIPJ, DIRF, DACON, DCTF, RAIS, etc, gerando multas administrativas perante a Receita Federal, que totalizavam à época mais de R$ 2 milhões;
Esse fato causou a inscrição tanto do Município no CAUC, impedindo o recebimento de transferências voluntárias, quanto dos gestores escolares no Cadin, trazendo-lhes prejuízos de ordem pessoal (limitações de financiamentos, empréstimos, cancelamento de cartões, etc), bem como trazia o risco de baixa definitiva dos CNPJs das Uex;
Impulsionada pela situação em tela, e em cumprimento ao que determina a Resolução nº 10/2013-CD/FNDE, a SME deflagrou certame licitatório, na modalidade Pregão Presencial, para formação de Ata de Registro de Preços, uma vez que, em resposta à consulta, a SEMAD informou a indisponibilidade de Contadores para atender à demanda das Uex;
Dessa maneira, facultou-se a cada Uex a adesão e posterior contratação da empresa vencedora para a prestação dos serviços contábeis. Caso a Direção da Escola ou CMEI apresentasse condições de cumprir com essas obrigações sem a contratação de profissional especializado, não haveria a necessidade de tal contratação, situação essa que ocorreu em algumas unidades de ensino;
A Lei Municipal nº 5.209/2000 dispõe sobre a aplicação direta de recursos para manutenção das Unidades de Ensino, o que engloba contratações mediante aquisição e prestação de serviços, conforme disposto na Lei Orçamentária Anual.
Por se tratar de contratação advinda de licitação amplamente divulgada, seguindo os parâmetros da norma vigente, com preços compatíveis com os praticados no mercado, não há que se discutir qualquer impropriedade, ainda porque em outras oportunidades foram realizados esclarecimentos junto à Comissão de Educação da Câmara Municipal e à Promotoria da Educação.
Muito grave a denúncia.
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