O encontro na noite desta terça-feira (8)
no Palácio do Jaburu entre a futura procuradora-geral da República,
Raquel Dodge, e o presidente Michel Temer tratou de fato da posse dela
em setembro, mas não somente.
Segundo o blog apurou, o
presidente fez a ela um relato dos motivos que o levaram a pedir a
suspeição do atual procurador-geral, Rodrigo Janot. De acordo com relato
ao blog, Raquel Dodge ouviu educadamente.
Além disso, as
mesmas fontes disseram ao blog que o presidente quer que a nova
procuradora-geral da República tome posse no Palácio do Planalto, como
gesto simbólico da reaproximação institucional do Executivo com o
Ministério Público.
Posses de procuradores-gerais no Planalto
não são incomuns. Janot e o antecessor, Roberto Gurgel, tomaram posse
uma vez na Procuradoria e outra vez, no Planalto.
A ideia de que
Raquel Dodge tome posse no Planalto teria como objetivo, porém, mostrar
que houve, apesar dos processos em curso, mudanças no relacionamento das
duas instituições – a Procuradoria e a Presidência – depois de meses de
desavenças com Janot.
Essas fontes disseram que o encontro
entre Raquel Dodge e Temer, fora da agenda e às 22h, revelado pelo blog,
também teve o efeito de passar uma "mensagem" ao Congresso de que as
pontes da classe política com o Ministério Público serão restabelecidas.
O encontro era para ser mantido em sigilo, mas a revelação
teria tido esse efeito colateral positivo na avaliação de políticos
próximos ao presidente.
Isso explica por que o carro parou à
mostra de todos quando se sabe que, em época de crise, sempre há
cinegrafistas e fotógrafos de plantão.
O mesmo já teria ocorrido no encontro de domingo de Temer com o ministro do Supremo Gilmar Mendes.
Apesar
de tanto Temer quanto Gilmar Mendes afirmarem que o assunto foi reforma
política, o registro do encontro, também fora da agenda e num dia pouco
comum, acabou, na visão dos que são próximos a Temer, tendo um lado
positivo: o de transmitir a imagem de que o presidente tem aliados no
Supremo Tribunal Federal.
Em guerra com Janot, Temer espera que
a nova procuradora não atue, nas palavras de um interlocutor do
presidente, com "açodamento" à frente do MP.
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