Três cemitérios com centenas de carcaças de animais; aproximadamente
500 cachorros de diferentes raças, sexos e idades; cerca de 200 gatos,
na mesma situação e ainda outros animais de médio e grande porte. Todos
em situação de maus-tratos.
Foi isso o que agentes da Delegacia Especializada em Proteção ao Meio
Ambiente (Deprema) e fiscais do Ibama descobriram na tarde desta
segunda-feira (12) ao visitarem um local conhecido como “santuário”, na
cidade de Apodi, a 380 quilômetros de Natal.
Também foram encontrados animais silvestres: um macaco prego, um
tucano e alguns papagaios. E há outros dois detalhes que tornam a
história mais complicada ainda. Um deles é que a Polícia Rodoviária
Federal (PRF) leva animais para este terreno.
O outro é que a comida dada aos animais não é adequada e há uma
suspeita de que parte dela é feita com carcaças de outros animais. “É um
negócio assim que ninguém imaginava. A comida é feita com restos de
animais e restos de comida podre”, disse o delegado da Deprema, Márcio
Delgado Varandas.
A descoberta só foi possível graças a uma denúncia feita ao vereador
Sandro Pimentel (PSOL), da Câmara Municipal de Natal. Foi ele quem
alertou a Deprema sobre a situação.
De acordo com o delegado, o responsável pelo terreno será autuado por
maus-tratos, que não gera detenção; e crime ambiental. “Tem animais
praticamente morrendo à míngua”, contou. O proprietário da área foi
identificado como Eribaldo Gomes Nobre, 55 anos. Ele é conhecido como
“Jesus”.
Além disso, o caso continuará sendo investigado para saber se ele
recebe algum valor referente a convênios para, por exemplo, receber os
animais encaminhados pela PRF ou por alguma prefeitura da região. De
acordo com o delegado não há como dizer ainda há quanto tempo os animais
estavam na situação encontrada, mas ele estima que isso aconteceria há
pelo menos mais de um ano.
O delegado observou que o maior problema da situação é mesmo não ter
para onde remover esses animais. O caminho seria começar a pressionar
para que o proprietário melhore as condições de estrutura. O Ministério
Público será comunicado dos problemas para também atuar no caso.
Sandro Pimentel, o vereador que denunciou o problema às autoridades,
disse que o caso era tão absurdo que ele não conseguiria descrever a
situação encontrada em Apodi. “Isso aqui se chama ‘santuário’, mas
deveria se chamar ‘infernário’”.
“Se eu quiser descrever eu não consigo. Há três cemitérios com
milhares de carcaças de animais; mais de 500 cães misturados; cães
morrendo com leishmaniose e outros contaminados com cinomose, que é uma
virose. Vai contaminar os outros”, descreveu.
O vereador – que é deputado estadual eleito – disse que vai acionar a
Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa) para fazer um
trabalho no sentido de dar tratamento a esses animais e também de
separá-los por sexo e por condição de saúde. “É um matadouro mesmo. De
santuário não tem nada. Os animais de grande porte não têm comida”,
afirmou.
Ação policial...
Absurdo.
OPQ
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