Uma candidata pelo PSL de Minas Gerais apresentou denúncias contra um
ex-assessor do ministro do Turismo. Ela diz que, pela proposta, só
receberia recursos públicos de campanha se devolvesse a maior parte dos
valores.
Adriana Borges concorreu a uma vaga de deputada federal, pelo PSL, em Minas Gerais. Ela não se elegeu.
Em uma reportagem desta sexta-feira (8), do jornal “O Globo”, Adriana
contou que, em 2018, recebeu uma proposta de Roberto Soares, então
coordenador de campanha de Marcelo Álvaro Antônio, que também concorria a
deputado federal. Ela diz que Roberto pediu que ela devolvesse parte do
dinheiro que iria receber do fundo público de financiamento de
campanha.
“Ele fez a proposta: ‘Olha, a gente pode depositar R$ 100 mil na sua
conta do fundo partidário, você ficaria com 10% deste valor. Os outros
90% você me daria cheques em branco, assinados, para eu poder pagar as
despesas de outros candidatos’ porque o partido não tem recursos. A
princípio, fiquei muda. Como é isso? Isso é ilegal. Ele disse: ‘não,
isso a gente faz, é o recurso que a gente tem para pagar contas’”,
contou Adriana Moreira Borges, ex-candidata a deputada federal (PSL-MG).
Nesta sexta-feira (8), Adriana disse que não aceitou a proposta de
assinar cheques em branco e que acabou recebendo somente R$ 4 mil do
partido para fazer a campanha ao cargo de deputada. Ela foi ouvida pelo
Ministério Público Eleitoral como testemunha e confirmou a denúncia.
O Ministério Público Eleitoral e a Polícia Federal estão apurando pelo
menos outros seis casos de candidatas do PSL mineiro que teriam recebido
a proposta para devolver dinheiro.
Uma delas, Zuleide Oliveira, moradora do sul de Minas, denunciou
diretamente o hoje ministro Marcelo Álvaro Antônio. A candidata disse
que o ministro ofereceu, pessoalmente a ela, R$ 60 mil para campanha.
Mas que ela deveria devolver R$ 45 mil para o partido. O TRE impugnou a
candidatura de Zuleide porque ela tinha condenação por causa de uma
briga.
Adriana Borges fez campanha em dobradinha com o candidato a deputado
estadual, Júlio Hubner, também do PSL. Adriana e Júlio não foram
eleitos. Júlio disse que Adriana o procurou na época da proposta. E que
deveria ter denunciado o esquema de desvio de dinheiro público.
“A gente não sabia de outras propostas na ocasião, e a gente não tinha
provas para isso. Ia ser a palavra dela contra a deles. Na ocasião,
deixamos do jeito que estava. Acabamos não denunciando, na época. Eu
tenho um grande pesar de não ter falado para Adriana para ela ter
aceitado porque aí sim a gente ia ter as provas devidas para derrubar
mais um político corrupto”, disse Júlio Hubner.
Adriana diz que desconhecia este tipo de acordo.
“Não sabia que existiam laranjas. Recebi uma proposta indecente, houve
uma justificativa para ele ter feito essa proposta, falando que o
partido não tinha recursos, que tinha esta verba para mulheres e tinha
que ele precisava fazer isso para pagar as contas”, afirmou.
O que dizem os citados
Em nota, o ministro Marcelo Álvaro Antônio reafirmou que não autorizou
nenhum assessor a pedir a devolução de recursos do fundo partidário; que
desconhece e repudia essa prática; que o ministro é o maior interessado
em esclarecer os fatos; e que pediu espontaneamente para ser ouvido
pelo Ministério Público e pela Polícia Federal.
Roberto Soares disse que jamais conversou com Adriana Borges ou com
outro candidato sobre devolução de recursos públicos de campanha; que,
depois da eleição, Adriana pediu ajuda a ele para conseguir um cargo no
governo e que ela criou uma história fantasiosa porque não conseguiu um
emprego.
Adriana Borges confirmou que procurou Roberto e outros integrantes do
PSL para deixar o currículo dela, mas disse que nunca pressionou ninguém
para conseguir um cargo nem fez ameaças.
O presidente Jair Bolsonaro foi questionado sobre as investigações que envolvem o ministro do turismo.
“Presidente, e a situação do ministro do Turismo? Cria algum constrangimento?”
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