José Robalinho Cavalcanti, presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República, comentou a censura à Crusoé:
“Uma investigação criminal tem de ter objeto delimitado e certo. Não
pode existir em aberto, para investigar potencialmente a tudo e a todos
que remotamente se realcione com o fato vago posto na inicial.
Lado outro, um inquérito não pode ser conduzido por juízes em um
sistema acusatório e democrático. Isso viola a independência do
Judiciário e a proteção dos direitos individuais.
E se alguma provas concreta fosse necessária, não é mais.
Como ficam o cidadão e liberdade de imprensa se o próprio Juiz,
ademais da Suprema Corte, ao que tudo indica com provocação de outro
juiz, e mais nada, decide os rumos de uma investigação e dá ordens de
retiradas de conteúdo e de oitiva de jornalistas? Se o juiz, se o STF,
tomou a iniciaitiva e já decidiu – e em favor próprio, no sentido amplo,
pois é um de seus componentes o reclamante -, quem verificará ao final
se a liberdade foi atingida?
O STF tem um histórico exemplar na última década de proteção a
liberdade de expressão, da retirada da Lei de Imprensa do ordenamento, à
liberação das biografias. É sem dúvida contraditório e preocupante ver
agora o mesmo STF que garantiu antes que a informação livre é pilar da
democracia estremecer estes valores ordenando uma retirada de conteúdo e
oitiva dos jornalistas por simplesmente darem uma notícia, sabendo o
STF que eles têm direito constitucional de proteger suas fontes.
Imprensa livre é inafastável da democracia plena.”
STF é uma vergonha...
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