O músico inglês Danny Polaris vem contando em seu Instagram o
problema que o levou a ser internado. Desde o dia 26 de julho, Polaris
está sofrendo com um priapismo — uma ereção constante — e não consegue
revertê-la, sentindo muitas dores. O músico, que já teve o problema,
utilizou um antirretroviral e dois estimulantes sexuais, o Viagra e o
Alprostadil (injeção estimulante aplicada no pênis).
De acordo com o urologista Roberto Vaz, da SBU (Sociedade Brasileira
de Urologia), o priapismo é uma ereção constante por mais de três horas e
ocorre independentemente do estímulo sexual, sendo conseiderada uma
situação de emergência.
O médico explica que existem dois tipos de priapismo, o isquêmico e o
não-isquêmico. O priapismo isquêmico ocorre porque os vasos sanguíneos
penianos ficam cheios de sangue, mas não há circulação.
“O sangue entra ali e não retorna, deixando a área tão cheia que
comprime as artérias e não permite a entrada de sangue novo no local”,
afirma o urologista. A falta de sangue novo pode necrosar os tecidos,
ocasionando dor no local e, se o priapismo for prolongado, pode causar
dificuldade de ereção no futuro.
Esse tipo de priapismo está relacionado ao uso de medicamentos para
estimular a ereção, sendo a causa mais comum, uso de álcool, cocaína,
anemia falciforme, leucemia, doenças neurológicas, doenças penianas e
até mesmo o câncer de próstata.
Já o priapismo não-isquêmico ocorre devido ao alto fluxo sanguíneo no
pênis, ou seja, com a entrada frequente de sangue na região. Esse tipo
de priapismo não ocasiona dores como o outro tipo, não necrosa e
dificilmente ocasiona disfunção erétil. Esse tipo de ereção está
associado a traumas, como a fratura do pênis ao ter uma ereção noturna e
se movimentar no colchão, na masturbação ou durante a relação sexual.
“Nos casos em que haja a associação de medicamentos estimulantes pode
ocorrer uma potencialização do problema. Entretanto, não existe
qualquer associação entre o priapismo e o uso de medicamentos para o
HIV”, explica o médico.
Para reverter o priapismo em casos de uso de medicamentos, é possível
realizar uma punção do pênis, fazendo com que o medicamento saia por
ali. Caso não resolva, é possível utilizar a adrenalina para tentar
resolver a ereção. Se o problema ainda persistir, o urologista afirma
que podem recorrer a uma injeção de soro fisiológico para “limpar” os
remédios que ficaram lá dentro.
A alternativa seguinte é a realização de uma cirurgia para drenar o
sangue dentro da estrutura peniana. “Quando nada disso resolve, é
preciso colocar uma prótese peniana no paciente. Essa medida é adotada
em último caso. O priapismo de longa duração mata o tecido e a pessoa
não terá mais ereção, então para resolver é destruído o tecido morto e é
colocada a prótese para ainda ter uma vida sexual ativa”, explica Vaz.
O urologista explica que casos como o de Polaris são considerados
priapismo recorrente, que podem ocorrer por falta de controle de uma
doença de base, como a anemia falciforme, ou por criar estímulos com
frequência, como o uso de medicamentos. Ele afirma ainda que alguns
casos de priapismo ocorrem por alta quantidade de hormônios sexuais e o
bloqueio medicamentoso da testosterona pode resolver o problema.
Músico na pauta.
R7
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