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* Brasil: Esteticista negra é obrigada a usar saco de lixo em dentista.

Um post de Cristiane Boneta viralizou nas redes sociais, na última quinta-feira, 25, após a esteticista acusar de racismo uma clínica particular de odontologia, localizada em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.

A moça relatou que teve de usar saco de lixo preto em cima de suas roupas e enrolado em seu cabelo para ser atendida pelo dentista e realizar uma cirurgia na gengiva. Segundo ela, a atendente do cirurgião estabelecimento teve dificuldade para adquirir equipamentos de segurança em meio à pandemia de covid-19, e que estaria usando o plástico como substituto. E pior: disse que a paciente tinha que prender o saco em seu cabelo, pois a touca não caberia em seu cabelo.

“A assistente me entregou os sacos de lixo logo após eu chegar. Pensei que serviriam para colocar minha bolsa e os sapatos, mas ela pediu que eu vestisse e ainda colocou um deles na minha cabeça, porque disse que a touca não comportaria meu cabelo volumoso. Questionei, e ela me respondeu que os equipamentos estavam em falta e eu precisava usar aquilo me proteger. Desde o início eu fiquei sem reação, uma vontade de chorar mesmo, mas eu precisava fazer o procedimento. Quando cheguei na sala de cirurgia eu perguntei para o médico o motivo daquilo, disse que não era certo, mas ele só respondeu que o material estava limpo”, declarou.

No consultório, Cristiane registrou o momento em seu celular, e alertou o médico sobre o procedimento ser inadequado.

“Quando fiz novamente o alerta, destacando que o estabelecimento poderia ser multado, o médico me respondeu que não havia pensado nessa possibilidade. Para ele, por ser um plástico, poderia ser usado para esse fim. Eu também atuo na área da saúde, e acredito que temos que tratar o outro da mesma maneira como gostaríamos de ser tratados. Isso não aconteceu. O saco de lixo só serve pra uma coisa e o nome já diz. Além de não ser adequado, é constrangedor para o paciente. Mesmo que tenha sido um fato isolado, houve constrangimento, houve uma discriminação. Foi ruim”, completou.
 
Ao jornal Extra, o odontologista Wagner Padilha, um dos responsáveis pela clínica, reconheceu que o material usado não era o adequado, mas disse que foi uma medida adotada de forma temporária por conta da dificuldade de adquirir os equipamentos de proteção.

“Reconheço que não era o ideal. A clínica ficou parada por quatro meses por conta da pandemia e tivemos dificuldade para adquirir os EPIs. Estão em falta em muitas lojas e os preços estão quase impraticáveis. Eu já estava paramentado quando a paciente chegou na sala de cirurgia. Como ela disse que se sentiu constrangida, poderia ter optado por não fazer o procedimento, não teríamos problema nenhum com isso. Mas foi a solução de emergência que encontramos para uma proteção cruzada, já que eu também faço parte do grupo de risco. O corpo e o cabelo tiveram o menor contato possível com o ambiente, para diminuir qualquer risco de contaminação. Pedi desculpas quando ela me alertou sobre, já no final do procedimento. Dei razão à ela e decidimos procurar outra solução. Tenho 68 anos, 37 anos de profissão, e jamais faria intencionalmente algo para constranger ou colocar em risco o paciente. Espero que a situação seja resolvida da melhor forma possível”, afirmou.
 
Nossa.
Catraca Livre
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