O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta
sexta-feira que as Forças Armadas podem ir para a rua para, segundo ele,
garantir o cumprimento do artigo 5º da Constituição e acabar com "essa
covardia de toque de recolher" e outras restrições adotadas por
governadores no combate à pandemia.
"Se tivermos problema, nós
temos o plano de como entrar em campo", disse Bolsonaro em entrevista
veiculada no programa Alerta Especial.
"Eu tenho falado, falo o
'meu' e o pessoal fala 'não'... eu sou o chefe supremo das Forças Armadas.
Vamos falar, o nosso Exército, as nossas Forças Armadas, se precisar, iremos
para as ruas, não para manter o povo dentro de casa, mas para restabelecer todo
o artigo quinto da Constituição", acrescentou.
"Se eu decretar isso, vai
ser cumprido este decreto. Então, as nossas Forças Armadas podem ir para a rua
um dia, sim, dentro das quatro linhas da Constituição para fazer cumprir o
artigo 5º, direito de ir e vir, acabar com essa covardia de toque de recolher,
(garantir o) direito ao trabalho, liberdade religiosa de culto, para cumprir
tudo aquilo que está sendo descumprido por parte de alguns governadores e
alguns poucos prefeitos."
A fala de Bolsonaro se deu após
questionamento do entrevistador, Sikêra Junior, sobre se não estaria na
hora de uma reação mais enérgica dele, na linha, "ora, vamos parar com
isso".
Na entrevista, o presidente
criticou o que considera um "poder excessivo que lamentavelmente o Supremo
Tribunal Federal delegou". Para Bolsonaro, qualquer decreto de governador
e prefeito "leva a um transtorno à sociedade onde vem a indignação que
você fala está chegando a hora".
"Agora o que acontece? Eu
não posso extrapolar e isso alguns querem que a gente extrapole. Eu estou junto
com meus 23 ministros, você pega da Damares ao Braga Netto, todos, 23,
praticamente conversados sobre isso aí, o que fazer se um caos generalizado se
instalar no Brasil pela fome, pela maneira covarde como alguns querem impor essas
medidas", afirmou.
Segundo o presidente, o caldo
"não entornou" no ano passado em função do auxílio emergencial e ele
disse que o benefício --retomado este mês com valor reduzido-- acabará em
breve.
"Se tivermos problemas
sérios, pode ter certeza que nós vamos entrar em campo para resolver esse
assunto e acabar com essa palhaçada de alguns simplesmente ignorarem as
necessidades básicas desse povo e quererem mantê-los preso dentro de
casa", afirmou.
Bolsonaro vinha dizendo que não
empregaria o Exército para obrigar as pessoas a ficarem em casa, nas medidas de
restrição de mobilidade social adotadas por gestores regionais que visam
reduzir o avanço no contágio e nas mortes do novo coronavírus.
Máscara
O presidente, que frequentemente
é visto em público sem máscara --mesmo depois que seu novo ministro da Saúde,
Marcelo Queiroga, defender a importância do uso-- mostrou otimismo sobre o
Brasil estar perto de não precisar mais usar a proteção.
Para Bolsonaro, com a vacinação
caminhando logo se chegará à imunização de rebanho e o Brasil poderá tirar a
máscara, afirmando que quem diz que a proteção facial não incomoda é mentiroso.
Mas a vacinação no país segue
lentamente. Sgundo dados do Ministério da Saúde, até agora 26,4 milhões de
pessoas receberam pelo menos a primeira dose da vacina. Se em números absolutos
isso coloca o Brasil entre os que mais estão vacinando, em termos proporcionais
o total representa apenas 12,6% da população. Quando se considera os já
vacinados com a segunda dose, a situação fica muito pior: 10,7 milhões, o
equivalente a 5,1% da população.
Reforma
tributária
Ainda do lado econômico, o
presidente reconheceu a importância da reforma tributária, mas destacou que se
deve buscar um projeto que seja aprovado pelo Congresso.
Bolsonaro disse que tem
conversado com o ministro da Economia, Paulo Guedes, insitindo nesse ponto, que
não deve ser o que o ministro quer, mas o que possa ser aprovado pelos
parlamentares.
Mas até agora, mesmo Guedes só apresentou ao Congresso parte do que seria sua proposta de reforma tributária. O tema está sendo discutido em uma comissão mista de deputados e senadores.
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