Documento da Petrobrás, produzido para
subsidiar as investigações da comissão interna que apurou
irregularidades na compra de Pasadena, indica que o ex-diretor de
Abastecimento Paulo Roberto Costa e o presidente Luiz Inácio Lula da
Silva teriam se encontrado em Brasília, em 2006, para tratar da
Refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), um mês antes da compra da planta
de refino ser autorizada. As informações são do Estado de S. Paulo.
O
documento afirma que o encontro entre Lula e Costa aconteceu em 31 de
março de 2006, no Palácio do Planalto, exatos 31 dias antes de o
Conselho de Administração da Petrobrás aprovar a aquisição de 50% da
refinaria. O ex-presidente nunca admitiu participação nas questões que
envolviam a aquisição – que causou prejuízo de US$ 792 milhões aos
cofres públicos, segundo auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU).
Um um relatório intitulado
‘Viagens Pasadena’, a companhia lista uma série de deslocamentos feitos
por seus funcionários em missões relacionadas ao negócio. Nele consta
que o ex-diretor ficou em Brasília por dois dias, retornando em 1 de
fevereiro. O motivo escrito foi ‘reunião com o presidente Lula’. Na
agenda de Lula, a conversa foi citada apenas como ‘Reunião Petrobrás’ e o
Planalto não citou, na época, quem participou do encontro.
Além da viagem de Costa,
constam outros 209 deslocamentos de profissionais da estatal, ligados à
aquisição e a à gestão da refinaria americana, entre março de 2005 e
fevereiro de 2009. O documento não faz menção à agenda do ex-diretor com
Lula e responsabiliza, além do próprio Costa, o ex-diretor de
Internacional Nestor Cerveró, Gabrielli e outros dirigentes da época.
Em entrevista ao Estado de
S. Paulo, a assessoria do ex-presidente afirmou que a ‘reunião com a
Petrobrás’ foi ‘há mais de nove anos’ e ‘não tratou de Pasadena’.
Sustentou, ainda, que Lula nunca teve uma conversa ‘particular’ com
Costa e que, na ocasião, o encontro ‘teve a presença’ do ex-presidente
da estatal José Sérgio Gabrielli.
A lista de viagens mostra
que Gabrielli de fato foi à Brasília no mesmo período para uma ‘reunião
no Palácio do Planalto’, mas ele afirmou não se recordar desse
compromisso e alegou que Costa ‘não tinha nada a ver com Pasadena’.
O ex-diretor de
Abastecimento não foi questionado sobre o encontro quando, em agosto de
2014, a comissão enviou a ele um questionário sobre seu envolvimento na
compra de Pasadena. Costa respondeu quando cumpria prisão preventiva em
Curitiba. Acusado e já condenado por participação no esquema de
corrupção da Petrobrás, Costa ficou preso de março a maio e de junho a
setembro do ano passado. Ele foi encaminhado para prisão domicilar após
firmar um acordo de delação premiada na Operação Lava Jato.
Costa confessou aos
investigadores ter recebido propina de US$ 1,5 milhão para não
atrapalhar a compra de Pasadena, dividida em duas etapas – 2006 e 2012,
ao custo de US$ 1,2 bilhão. TCU apontou prejuízo de quase 70% do valor
pago.
Costa.
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