Alguns
deputados estaduais do RN, felizmente uma minoria, não fazem a menor
ideia do que é uma universidade, o que ela faz ou o que representa para
um estado. Para se convencer dessa triste realidade, basta ouvir o que
falam sobre a UERN. Vejamos alguns relatos e prestemos alguns
esclarecimentos.
- O governo estadual deve financiar a UERN.
Um
deputado disse em entrevista que o governo do RN não deveria financiar a
UERN porque não é obrigado a fazê-lo. Na verdade o governo tem essa
obrigação. Ele assumiu essa responsabilidade quando a UERN foi
estadualizada há 30 anos e isso é um fato concreto. E nesse particular,
ele é só mais um porque não tendo nada de excepcional nisso.
Somente o
estado do Paraná tem sete universidades estaduais e região Nordeste tem
15 universidades estaduais. Dessas, quatro estão na Bahia e três estão
no Ceará. Os estados de Alagoas e do Maranhão tem, cada um, duas
universidade estaduais. Existem inclusive vários municípios que
financiam universidades, como por exemplos, Rio Verde, cidade do
interior de Goiás (UNIRV) e Linhares, cidade do interior do Espírito
Santo (FACELI).
- Qual é o investimento do estado na UERN?
O mesmo
deputado aparece em um vídeo nas redes sociais dizendo que a UERN custa
R$ 33 milhões/mês ao contribuinte, ou seja, quase R$ 400 milhões/ano.
Como não acreditamos que o deputado se arriscaria deliberadamente à
vergonha pública, vamos trabalhar com a hipótese de que sua assessoria
seja medíocre, ou no mínimo muito preguiçosa.
No ano
passado o estado investiu pouco mais de R$ 263 milhões na UERN. E isso é
muito para manter uma universidade? Vamos fazer uma comparação entre a
UERN e universidade estadual da Paraíba, não apenas porque está na moda
comparar os dois estados, mas também porque até pouco tempo eram
economicamente bem parecidos. Pois bem, o governo da Paraíba investiu R$
307,5 milhões na sua universidade estadual, a UEPB, ou seja, R$ 44,5
milhões a mais.
Esses
dados estão disponíveis ao público no portal da transparência de ambas
as universidades. Um assessor menos preguiçoso teria encontrado
facilmente esses números.
- Quanto é o salário do professor da UERN?
O mesmo
deputado novamente expõe sua assessoria quando diz em outra entrevista
que o salário de um professor da UERN é 15, 18, 20 mil reais e nas
federais é R$ 6, 8, 10 ou 12 mil. Pela quantidade de valores, vê-se
quanta certeza ele tem sobre o que fala.
O salário
médio de um professor da UERN é cerca de R$ 9 mil, perfeitamente
compatível com o salário médio pagos pelas universidade federais sendo
que estes, inclusive, são levemente superior. Em 2016, o governo do RN
pagou R$ 241 milhões de reais em salários na UERN. O governo da Paraíba
pagou R$ 260 milhões na folha de pagamento da UEPB e atenção, a folha da
UERN também paga seus aposentados, a da UEPB, não. Uma dica elementar
para a assessoria do deputado é olhar os recentes editais de concurso na
UERN e nas federais.
- Na UERN tem estudantes de outros estados.
Outro
deputado se queixou de que na UERN há vários estudantes de outros
estados. Ele não sabia dizer quantos, mas pareceu achar isso um absurdo.
Atualmente,
cerca de 15% dos estudantes da UERN são de outros estados. Ora, os
potiguares também estudam em universidades da Paraíba, Ceará,
Pernambuco, além de outros. Em se tratando de universidades, isso é um
fato natural, até porque os cursos oferecidos variam muito de uma
instituição para outra. O RN não é uma ilha e como qualquer outro estado
da federação, ele importa e exporta estudantes universitários o tempo
todo.
Há
inclusive universidades em cidades de fronteira, como a Unipampa, no Rio
Grande do Sul, que recebe centenas de estrangeiros (uruguaios) todo
ano.
O fato de a
UERN ser procurada por estudantes de outros estados atesta que seus
cursos têm qualidade. De fato, em 2015, ano em que a UERN adotou o
ENEM-SISU, mais 61 mil inscritos disputaram uma vaga nos seus cursos.
- O que a UERN faz.
O deputado também afirmou que não “sabia direito o que a universidade faz”.
Primeiro é
necessário dizer que além do campus de Natal (Zona Norte), a UERN
desenvolve suas atividades nos campi de Mossoró, Pau dos Ferros, Patu,
Caicó e Assu. Tem núcleos avançados em São Miguel, Alexandria, Umarizal,
Caraúbas, Apodi, Areia Branca, Macau, João Câmara, Touros, Santa Cruz e
Nova Cruz. E o que ela faz nesses locais?
– Ela forma pessoas.
A UERN faz
o seu papel enquanto universidade e faz bem feito. Ela tem sob sua
responsabilidade a formação de mais de 11.485 estudantes de graduação e
1.167 estudantes de pós-graduação. Para isso, abre anualmente mais de
2.000 mil vagas aos potiguares nos seus 69 cursos de graduação
presenciais, três cursos de graduação a distância, 20 cursos de
mestrados acadêmicos e 2 cursos de doutorado. Esses cursos estão em sua
quase totalidade no interior do estado potiguar e cerca de 70% da sua
clientela provém de famílias de baixa renda.
A UERN
formou quase 100% dos professores da Rede Básica de Ensino que atuam na
região oeste do estado. Além disso, forma enfermeiros, economistas,
cientista da computação, advogados, médicos e diversos outros
profissionais que passam a atuar nas cidades em que se formam ou no seu
entorno. Ela já formou mais de 40 mil profissionais no interior do
estado e isso representa não apenas melhoria dos serviços das cidades do
RN, mas também e principalmente a inclusão social dessas pessoas.
– Ela atua nas comunidades.
A UERN
atua diretamente junto às comunidades executando mais de 170 projetos de
extensão. Esses projetos capacitam e promovem a melhorias na produção,
serviços e na vida das pessoas, no campo e nas cidades. Além da prática
jurídica, que presta assessoria a dezenas de cidadãos diariamente, a
universidade mantém clínicas e ambulatórios odontológicos, que atendem
centenas de pessoas de baixa renda. O projetos de extensão nas escolas
incentivam a leitura e promovem a cultura. Além disso, são oferecidos
diversos cursos para a população, somente na Zona Norte de Natal, são
mais de mil pessoas participando de atividades realizadas no seu
Complexo Cultural.
– Ela capacita e faz pesquisas científicas.
A UERN
promove pesquisas voltadas para a solução dos problemas do estado. Só em
2016 seus programas de pós-graduação matricularam mais de 600
estudantes de mestrado e doutorado. Nesse mesmo ano, seus pesquisadores
publicaram 342 artigos científicos, 362 capítulos de livros e
registraram 23 patentes como resultados de suas pesquisas. Esses
pesquisadores analisaram e apresentaram soluções para os mais variados
problemas. Um outro dado relevante desses programas, é que em 2016, seus
estudantes receberam do governo federal cerca de R$ 3,4 milhões de
reais em bolsas, recursos esses injetando das cidades do interior do
estado.
- O estado do RN precisa fortalecer a UERN
Por fim,
alguns deputados precisam entender que o debate sobre uma universidade
não se limita a uma simples questão contábil. Ao andar pelo interior do
estado, em particular na região oeste potiguar, os deputados podem
perguntar às pessoas onde elas se formaram. Ao encontra uma das mais de
40 mil pessoas formadas pela UERN, pergunte o que elas pensam da
universidade que a formou.
Perguntem o
que a UERN representou na vida delas e de suas famílias. Perguntem ao
médico nascido e radicado na cidade do interior o que lhe possibilitou o
diploma. Perguntem ao professor onde ele teve a sua licenciatura.
Pergunte ao comunicador social que fala nas rádios, na TV ou escreve nos
jornais como surgiu sua oportunidade para se capacitar.
Perguntem
aos prefeitos e empresários das cidades onde se formou a mão de obra
especializada que consultam e contratam. Ou simplesmente perguntem a um
colega, deputado na Assembleia Legislativa do RN, sim porque lá também
tem estudante da UERN, o que pensa da universidade.
Enfim,
pergunte, informe-se e, se a sua motivação for de fato um futuro melhor
para o nosso estado, irá sem dúvida reconhecer que no estado precisa
fortalecer a UERN.
Por José Ronaldo – UERN
Por José Ronaldo – UERN
UERN.
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