A Associação Paulista de Magistrados (Apamagis) divulgou nota em seu
site repelindo agressões verbais do ator Alexandre Frota contra um juiz.
Sem mencionar nomes, a manifestação oficial repudia “os ataques
absolutamente descabidos desferidos por um ator com grande número de
seguidores em mídias sociais, e a seguir reproduzidos pela imprensa,
contra um respeitado magistrado paulista”.
Eis a questão central, que a nota não menciona: inconformado com uma
decisão judicial desfavorável, Frota afirmou, em vídeo, que foi “julgado
por um juiz ativista, do movimento gay”. “Ele não julgou com a cabeça,
julgou com a bunda”, disse.
A Apamagis informa que oferecerá ao magistrado ofendido o suporte
necessário para cessar os ataques e reparar a sua honra e dignidade.
Afirma estranhar que “as agressões descabidas e os termos chulos e
preconceituosos” ganhem projeção em respeitados veículos de
comunicação”. E informa que vai propor investigações e ações judiciais
“para coibir as flagrantes práticas criminosas, como a difusão de crimes
de ódio e preconceito”.
A nota da Apamagis permite várias leituras.
Para o público interno, trata-se de solidariedade ao magistrado
agredido, uma iniciativa que não deve ser confinada à corporação.
Para o público externo, a manifestação parece sugerir censura prévia à
divulgação de “agressões descabidas”, restrição que seria duplamente
indevida, pois o combate aos crimes de ódio e preconceito seria inócuo
se essas práticas ilícitas permanecessem desconhecidas.
Há tempos o referido ator vem ofendendo a sociedade, que merece ser informada em nome do interesse público.
Antecedentes
Conforme a colunista Mônica Bergamo revelou na Folha, o ator perdeu
processo por danos morais contra a ex-ministra Eleonora Menicucci, que
chefiou a Secretaria de Política para as Mulheres no governo Dilma.
Em maio 2016, Menicucci criticara o ministro da Educação, Mendonça
Filho, por receber Frota. Ela disse que o ator “não só já assumiu ter
estuprado mas também faz apologia do estupro”. A ex-ministra se referia a
declarações dele a um programa de TV em que relatava relações não
consentidas com uma mãe de santo.
No julgamento de primeiro grau, a juíza condenou Eleonora a pagar R$
10 mil a Frota. No julgamento do recurso, no último dia 24, ficou
decidido que a ex-ministra apenas exerceu seu direito de crítica.
Cabe recurso da decisão.

Esse é besta com B maiúsculo.
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