Uma mudança de vida através da música. É assim que crianças e jovens
de Riacho da Cruz, Paraná e Felipe Guerra têm vivido nos últimos tempos,
desde que começaram a ensaiar nas bandas filarmônicas das cidades. O
investimento do Governo do RN por meio do projeto Governo Cidadão e
Banco Mundial na criação e equipagem de bandas tem mudado a realidade
social e cultural de 39 municípios do interior do Rio Grande do Norte.
Mariah, 9, e a mãe Janemary Morais, 31, entraram juntas na banda
filarmônica Nossa Senhora de Fátima, na comunidade de Monte Alegre, em
Paraná, distante 431 km de Natal. A pequena toca clarinete há um ano,
enquanto a mãe se aventurou no saxofone alto. Ela conta que a música
está no sangue da família, já que seu pai, avô e tios eram músicos.
“Quando ela disse que também queria vir, fiquei muito feliz. É
gratificante tocarmos juntas, um grande aprendizado pra nós”, conta
Janemary.
A banda de Paraná já se apresenta publicamente há mais de um ano e
atualmente é composta de 33 músicos, com idade entre sete e 31 anos. Uma
nova turma de 20 alunos foi formada recentemente para aprender a tocar
flauta. O maestro Lúcio Andrade diz que o projeto tem mudado muito a
vida dos jovens. “Acaba com a ociosidade e eles passam a ter um
cotidiano repleto de música”, diz. A presidente da associação
comunitária de Monte Alegre, Vânia Maria, diz que a banda também
desperta envolvimento da família e da comunidade.
Em Riacho da Cruz essa realidade não é diferente. Os integrantes da
Banda Filarmônica Encanto do Sertão já estão nos últimos preparativos
para se apresentar na festa de emancipação política do município, que
acontece nos próximos dias. Fundada há cinco anos, há oito meses a banda
conta com os novos instrumentos financiados pelo projeto Governo
Cidadão. “O projeto veio agregar.
Recebemos uma percussão maior e mais
completa, chegaram as trompas. Com isso pudemos integrar novos alunos à
banda”, diz o maestro Elton Souza, 35.
A filarmônica atualmente conta com 38 alunos, que têm entre 12 e 48
anos, e ensaiam duas vezes por semana. Um deles é Cleilton Fernandes,
48, que toca na banda ao lado do filho. “Fiquei muito feliz quando soube
de uma banda na cidade e quando ele quis vir, foi a realização de um
sonho. Não é qualquer pessoa que tem acesso a uma banda filarmônica
hoje. Tenho muito orgulho dele e do seu potencial. Tenho que dar
parabéns a este projeto por dar oportunidade aos nossos jovens. Música
alimenta a alma”, destacou.
“É importante que a gente tire as nossas crianças da rua, que não tem
nada a oferecer. Ver o olhar de uma criança que não sabia o que era um
‘sol’ e hoje toca ‘parabéns’ para os pais é muito gratificante. Tenho
aluno atualmente em mestrado e outros dois estudando música em nível
superior”, conta o maestro.
Para o coordenador do projeto Governo Cidadão, Vágner Araújo, as
bandas são um forte meio de inclusão social e de resgate das tradições
do interior. “Para os participantes e seus familiares é importante estar
na banda, não só por promover inclusão social de crianças e jovens, mas
para manter viva a tradição de ver a banda marcial desfilar pela cidade
em datas comemorativas”, acrescenta.
Em Felipe Guerra, a banda começou a funcionar há dois meses, quando
os instrumentos chegaram. Mais de 30 pessoas se inscreveram e o objetivo
da ONG Arteria, que toca o projeto, é atingir os 50 alunos, trazendo
inclusive interessados da zona rural do município. Os alunos têm entre
oito e 29 anos e um deles é Fladson Gurgel, 29, estudante de
Fisioterapia e que hoje toca saxofone tenor na banda.
“Tenho mais aptidão com instrumento de palheta, então aprender o sax
está sendo um pouco difícil, mas o maestro está me ajudando. Ter uma
banda filarmônica na nossa cidade, onde não há muitas oportunidades de
emprego e lazer, é muito importante. Além de ser prazeroso, é uma
geração de renda futura, porque podemos dar aula ou até tocar nos
lugares”, relata.
Saiba mais
Mais de três mil crianças e jovens foram inseridos na iniciação
musical com o projeto de Bandas Filarmônicas para Juventude. Os
investimentos beneficiam 39 municípios e somam R$ 4 milhões. Cada
associação beneficiada recebeu aproximadamente R$ 90 mil para aquisição
de 75 instrumentos musicais, incluindo materiais de consumo e
acessórios, computadores e impressoras, além do apoio de um maestro por
quatro meses e a formação técnica e sistemática para beneficiários e
gestores.
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