Os seis anos de seca severa no Rio Grande do Norte modificaram não somente as paisagens no sertão, mas também no litoral. Um dos principais itens da produção agrícola local, a cana-de-açúcar, sofreu queda de produção de 15,27% entre os anos de 2012 e 2016
– de 4,2 milhões de toneladas para 3,6 milhões de toneladas – e de
15,25% na área colhida, segundo dados mais recentes da Produção Agrícola
Municipal divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A cana-de-açúcar, ao lado da fruticultura irrigada, são os dois itens
mais relevantes da pauta agrícola do estado na atualidade.
“A falta de chuvas nesses últimos anos, atrelada à falta
de uma política de preços remuneradora contribuíram para a diminuição da
produção no setor. Além disso, os casos de corrupção no âmbito da
Petrobras foram muito prejudiciais aos canavieiros. Ao longo desses
últimos anos ocorreu um achatamento do preço do etanol e isso gerou um
prejuízo enorme”, analisa o vice-presidente do Sindicato
da Indústria de Álcool dos Estados do Rio Grande do Norte, Ceará e Piauí
(Sonal), Eduardo Farias.
Na empresa que preside, a Usina Baía Formosa, no litoral Sul do
estado, cerca de 90% da área plantada é voltada à produção do etanol,
distribuído no Nordeste para as empresas Raízen, BR Distribuidora e
Ipiranga. Para a produção do açúcar consumido na maioria dos lares e
estabelecimentos no País, sobram 10%.
A expectativa de melhoria do setor sucroalcooleiro é que a venda
direta do etanol produzido nas usinas aos postos de combustíveis, sem a
necessidade da entrega à distribuidoras, contribua para a melhoria do
atual cenário financeiro do setor. “O Brasil recebe a sobra da produção
americana. Algo em torno de 1,5 bilhão de litros por ano. Isso está
errado.
Nós produzimos etanol de melhor qualidade, mais limpo e mais
ecológico. Além disso, com a venda direta, nós iremos conseguir baixar o
preço do litro em R$ 0,15 ou R$ 0,20. Os produtores colocam isso como
uma alternativa”, destaca Eduardo Farias.
De acordo com o técnico sênior do IBGE/RN, Elder de Oliveira Costa, a
produção de cana-de-açúcar no Brasil varia de acordo com o interesse
dos usineiros e do próprio mercado consumidor. “O mercado é quem dita as
regras. Por isso que existem essas variações de um ano para o outro”,
esclarece. No cenário nacional, a produção de cana-de-açúcar vem
sofrendo variações para cima e para baixo desde 2013, quando atingiu o
recorde de produção na década: aproximadamente 700 milhões de toneladas.
Conforme explicado por Elder de Oliveira Costa, a cana-de-açúcar se
insere na lavoura temporária de longa duração, cujo plantio começa num
ano e a colheita, no seguinte. No Rio Grande do Norte, além dela, o
melão e a mandioca estão entre os itens que integram essa lavoura.
Na temporária, grãos como o arroz, feião, feijão verde, milho, milho
verde, além do algodão, são semeados basicamente para a subsistência do
agricultor. “O valor das lavouras temporárias são insignificantes para a
economia do Estado como um todo.
O que está levando a produção agrícola do Rio Grande do Norte na
atualidade é a fruticultura e a cana-de-açúcar”, afirma. No Rio Grande
do Norte, o plantio da cana-de-açúcar deverá começar na segunda quinzena
de agosto com colheita programada para fevereiro do próximo ano.
Evolução da produção<br></b><i>Acompanhe
abaixo a evolução da produção de cana-de-açúcar no Rio Grande do Norte
de acordo com os dados mais recentes da Produção Agrícola Municipal
divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Cana de açúcar na pauta.
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