O candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) rebateu o próprio
vice, general Hamilton Mourão (PRTB), que criticou o pagamento de
décimo-terceiro salário e o abono de férias durante palestra na Câmara
de Dirigentes Lojistas de Uruguaiana (RS). O parceiro de chapa do
deputado federal destacou que tais direitos eram “jabuticabas
brasileiras” ao criticar os custos do trabalhador no discurso.
Bolsonaro usou as redes sociais para frisar que o décimo-terceiro
está previsto na Constituição. O candidato destacou que criticar este
direito é uma “ofensa a quem trabalha” e configura uma “confissão de
desconhecimento” sobre o texto constitucional.
“O 13° salário do trabalhador está previsto no art. 7° da
Constituição em capítulo das cláusulas pétreas (não passível de ser
suprimido sequer por proposta de emenda à Constituição). Criticá-lo,
além de uma ofensa à quem trabalha (sic), confessa desconhecer a
Constituição”, escreveu Bolsonaro.
A declaração de Mourão foi dada em palestra na última quarta-feira. O
general disse que esses benefícios da lei trabalhista são um peso para o
empresário.
– Temos algumas jabuticabas que a gente sabe que é uma mochila nas
costas de todo empresário. Jabuticabas brasileiras: 13º salário. Se a
gente arrecada 12 (meses), como é que nós pagamos 14? É complicado, e é o
único lugar em que a pessoa entra em férias e ganha mais, é aqui no
Brasil – disse Mourão.
– São coisas nossas, a legislação que está aí, é sempre aquela visão
dita social, mas com o chapéu dos outros, não é com o chapéu do governo.
Questionado sobre a declaração de Mourão, o presidente do PSL,
Gustavo Bebianno, disse ao GLOBO que a crítica ao 13º e às férias é uma
posição “pessoal”.
– Essa não é uma proposta da campanha, do Jair Bolsonaro ou do Paulo
Guedes. Não há nada sobre acabar com o 13 salário. Isso é uma posição
pessoal do (General) Mourão – disse Bebbiano.
Mourão já havia criado polêmica ao dizer que lares que só tem mãe e
avó são “fábricas de desajustados”, e ao se referir a parceiros
comerciais do Brasil na África e na Ásia como “mulambada”. Repreendido
pela cúpula do PSL pelas falas, o general evitou o contato com a
imprensa e passou a adotar um discurso mais contido. Ele dizia ser
vítima de frases descontextualizadas, retiradas de suas palestras.
Pense numa tragédia anunciada.
O Globo
Registe-se aqui com seu e-mail
ConversãoConversão EmoticonEmoticon