Em texto nas redes sociais a jornalista e assessora de imprensa da
Assembleia legislativa do RN, Juliana Celli diz ter sido vítima de
intimidação, por parte do deputado estadual Getúlio Rego, simplesmente
por não ter a mesma opção do deputado, para a presidência da República. Eis o texto:
Como jornalista, talvez esse seja o texto mais difícil que já
escrevi. Olhos cheios de lágrimas, coração apertado, dúvidas sobre o que
pode acontecer comigo a partir de agora. Mas muita vontade de dar a
minha contribuição de viver num mundo melhor, pra mim e pra minha filha.
Decidi não me calar.
Na última quinta-feira (11/10) eu fui vítima da intolerância política que estamos testemunhando no país e que chegou no seu mais grave momento com a chegada do segundo turno das eleições.
Eu já noticiei tanto sobre esses casos que estão acontecendo. O último, o de uma médica, no serviço público do Rio Grande do Norte, que rasgou uma receita porque ao perguntar em que candidato o paciente votaria, ele afirmou votar no candidato do PT. Fiquei indignada!
Na última quinta-feira (11/10) eu fui vítima da intolerância política que estamos testemunhando no país e que chegou no seu mais grave momento com a chegada do segundo turno das eleições.
Eu já noticiei tanto sobre esses casos que estão acontecendo. O último, o de uma médica, no serviço público do Rio Grande do Norte, que rasgou uma receita porque ao perguntar em que candidato o paciente votaria, ele afirmou votar no candidato do PT. Fiquei indignada!
Mas, jamais pensei passar por isso. Estava enganada! Na
quinta-feira pela manhã eu estava trabalhando quando um superior fez o
sinal usado pelo candidato Bolsonaro, aquele que simula duas armas. Ele
me perguntou se eu estava pronta pra fazer o tal gesto. Eu falei que não
faria porque não voto nesse candidato, na verdade decidi não votar em
nenhum dos dois candidatos postos por não concordar nem com um nem com o
outro. Foi aí a minha surpresa, o superior, o deputado estadual Getúlio
Rêgo, que até então sempre tive uma boa convivência, começou a me
insultar. Ouvi palavras como corrupta, mentirosa, e que eu deveria pedir
exoneração do meu cargo (de confiança). Ele estava completamente
alterado, falando alto, gesticulando em minha direção.
Por um momento, pensei em explodir, me contive. Consegui me
manter firme e respeitosa, mesmo que muito constrangida, principalmente
pelo fato de na hora estar conduzindo convidados para uma reunião de
trabalho. Argumentei que o voto é livre, e eu podia votar em quem
quisesse ou até mesmo me omitir. Ele continuou esbravejando, na frente
deles e de mais alguns servidores, que eu deveria votar em quem meu
chefe mandasse. Eu voltei a argumentar que não estávamos mais no tempo
de “votos de cabrestos”, algo muito utilizado nos “currais” eleitorais e
que meu chefe direto é democrático, jamais iria me obrigar a votar em
quem eu não quisesse.
Ele continuou sem respeitar a minha decisão. Se alterou ainda
mais, falando em tom ameaçador. Eu decidi encerrar o assunto entrando na
sala para participar da reunião que estava programada. Pedi desculpas
aos convidados pelo ocorrido, mantive a calma para terminar aquela
demanda, mas depois desabei. Conversei com colegas, ouvi familiares,
procurei um advogado.
Algumas pessoas disseram que seria meu fim eu expor esse assunto, outras me apoiaram, me incentivaram. Passei alguns dias analisando sozinha, pedindo a Deus uma resposta, deixando a “poeira” baixar e a emoção ser controlada para aí sim tomar uma decisão mais acertada.
Se eu, jornalista, assessora de imprensa, apresentadora de um
jornal na rádio, de um programa de TV, não pode falar, quem pode? As
milhares de mulheres e homens que estão passando por isso em seus
empregos em todo país ou em outros locais? Não. Eu digo não à
intolerância política!!!
O voto é livre!!! Se você vota num candidato que eu tenho repulsa
eu preciso respeitar. Não deixe ninguém lhe dizer que você é menos
inteligente ou menos cidadão por isso. Se você quer votar em Haddad,
vote livremente. Se você vota em Bolsonaro, vote livremente. Se quiser
votar em branco, nulo, vote livremente. Em tempos de #elenão e #elesim
eu o convido a levantar uma bandeira muito mais importante, a da
tolerância. Essa é a minha campanha. #intoleranciaNao #toleranciasim.
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