Acusado pela defesa de Lula e pelo Partido dos Trabalhadores de
utilizar a Justiça para perseguir o ex-presidente petista, Sergio Moro
elevou o tom de sua resposta: “As provas indicam que Lula é o mentor
desse esquema criminoso que vitimou a Petrobras. E nós não tratamos
apenas de um tríplex. Nós falamos de um rombo estimado de R$ 6 bilhões. O
tríplex é a ponta do iceberg. A opção do Ministério Público foi
apresentar a acusação com base nesse incremento patrimonial específico,
que foi fruto da corrupção.”
As novas declarações de Moro foram feitas em entrevista veiculada na edição mais recente da revista IstoÉ.
Ele respondia a uma pergunta sobre o recurso ajuizado pela defesa de
Lula no Supremo depois que trocou a Lava Jato pelo posto de ministro da
Justiça do governo de Jair Bolsonaro. Na peça, ao advogados pedem que
Lula seja libertado e que os processos que correm contra ele em Curitiba
sejam anulados.
Moro reiterou que a sentença que proferiu no caso do tríplex é de
“meados de 2017.” Declarou que “a decisão é extensamente fundamentada.”
Repetiu que sua deliberação “foi mantida pela Corte de apelação (o
TRF-4, sediado em Porto Alegre). A partir do momento em que a Corte de
apelação mantém a decisão, a decisão passa a ser dela. Não é mais nem
minha.”
O ex-juiz repetiu, de resto, que enxerga as críticas do petismo e da
defesa como “um álibi de Lula, baseado numa fantasia de perseguição
política.” Enumerou outras condenações de sua lavra: “Vamos analisar a
Operação Lava Jato. Nós temos agentes políticos que foram do Partido
Progressista condenados, temos agentes do PMDB e de figuras poderosas da
República, como foi o caso do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha,
considerado adversário figadal do PT. E, claro, condenamos também
agentes do Partido dos Trabalhadores.”
Moro acrescentou: “O esquema de corrupção na Petrobras envolvia a
divisão de dinheiro entre executivos da estatal e agentes políticos que
controlavam a empresa. É natural que o esquema criminoso dessa espécie,
quando descoberto, com políticos envolvidos, impliquem majoritariamente
aqueles partidos que estavam no poder e controlavam a empresa e não
legendas que se encontravam na oposição.”
Além do caso do tríplex, que rendeu a Lula 12 anos e um mês de
cadeia, há na 13ª Vara Federal de Curitiba outros dois processos
envolvendo o ex-presidente petista: o do sitio de Atibaia e o do terreno
que a Odebrecht teria adquirido para o Instituto Lula. Instado a
comentá-los, Moro preferiu se abster:
“Essa é uma questão da Justiça, a cargo da doutora Gabriela Hardt,
que me substitui na 13ª Vara Federal e não seria apropriado comentar.
Ela é uma magistrada muito séria e muito competente. No entanto, está em
suas mãos diversos casos criminais em relação à Lava Jato, que demandam
atenção dela. Então não sei se ela vai ter tempo hábil para julgar esse
caso ainda este ano.”
Nesta sexta-feira, Moro formalizou seu
pedido de exoneração do cargo de juiz. Algo que pretedia fazer apenas
no final do ano. Com essa decisão, deflagra-se o processo de
substituição definitiva do magistrado na Vara da Lava Jato. Estão aptos
a concorrer à vaga mais de 200 juízes.
"Você não vai com a minha cara", Lula!
JOSIAS DE SOUZARegiste-se aqui com seu e-mail
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