Por O GLOBO
Há algumas semanas, o médico gaúcho e deputado federalOsmar Terra (MDB-RS), de 68 anos, recebeu de Jair Bolsonaro a missão de controlar um “monstro”. É como se refere à grandeza do futuroMinistério da Cidadania ,
que concentrará Desenvolvimento Social, Cultura e Esporte. Formado em
neurociência, Terra buscou na medicina os preceitos que passou a
defender na política. É radicalmente contra o uso de drogas, incluindo o
consumo de bebidas alcoólicas.
Ele recebeu O GLOBO nesta quinta-feira logo após de anunciar seu
secretariado: o general Marco Aurélio Vieira, no Esporte, o deputado
Lelo Coimbra, no Desenvolvimento Social, e o jornalista Henrique
Medeiros, na Cultura. Terra confirma o décimo terceiro do Bolsa Família e
revela ter discutido com o presidente um projeto para limitar o horário
de venda de bebidas no país.
Antes de sair do governo Temer, fui à Islândia conhecer o programa de
juventude que mais reduziu o consumo de drogas na Europa. Eles saíram
da juventude que mais usava drogas para a que menos usa hoje. O eixo
principal é o esporte, a música e a dança. Ele mantém o pessoal
permanentemente ocupado. É claro que é um país de 500 mil habitantes.
Eles têm circunstâncias diferentes. Não deixam expor bebidas alcoólicas
em nenhum lugar, têm um toque de recolher. Depois das 22h, jovens com
menos de 18 anos não podem andar sozinhos na rua. Claro que é uma
realidade bem diferente. Mas aqui, por exemplo, se reduzir o horário de
venda de bebidas alcoólicas em restaurante, em bar, é uma coisa que se
pode pensar. Podemos fazer junto com o Moro, na Justiça, uma política de
redução da violência.
Limitar o horário de venda de bebidas no país?
Sim. A maior parte dos acidentes e mortes causadas por pessoas
embriagadas acontecem sempre depois da meia-noite. Acho que podemos
colocar alguns limites para venda de bebidas em lugares mais violentos.
Não precisa ser em todo o país. Dá para mapear a violência. Há lugares
que têm mais homicídios. A experiência de Diadema (SP)está publicada em
livros. Reduziu muito o número de homicídios. Era a cidade que mais
tinha homicídios em São Paulo e hoje é das que têm menos. A bebida
ajuda, né. Diadema colocou até meia-noite, uma da manhã o limite. Depois
disso, não se pode vender.
O senhor já levou ao presidente esse projeto?
É, a gente está conversando sobre isso. Um projeto integrado com a
Justiça. É um assunto que estamos discutindo, mas ainda não tomamos
nenhuma decisão a respeito. O objetivo é tornar o esporte o “barato” que
a droga dá à juventude. Música e esporte. Esse é o principal.
O começo do governo vai ser marcado pelo improviso visto na transição?
Não sei nem se o presidente esperava ser eleito. Na verdade, foi para
marcar uma posição. Bolsonaro começa no movimento contra tudo que
estava aí. E a população acreditou e ele se elegeu. É um aprendizado.
Todo governo é assim. O próprio governo do Lula, quando começou, todo
mundo achava que ele era um cara muito honesto, que ia ser o governo da
ética. Ele foi tateando. Eu acho que o Bolsonaro está cercado de gente
preparada.
Para acompanhar a entrevista completa é só clicar aqui: https://oglobo.globo.com/brasil/futuro-ministro-da-cidadania-osmar-terra-propoe-limite-para-venda-de-alcool-23320396
Esse time vai movimentar.
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