Em um auditório lotado por ativistas que
gritavam “aleluia” e “glória a Deus”, a pastora evangélica Damares Alves
tomou posse nesta quarta-feira (2) como ministra da Mulher, Família e
Direitos Humanos. Fez um discurso emocionado em que disse que não haverá
mais “doutrinação ideológica” de crianças e adolescentes, que “menina
será princesa e menino será príncipe” e criticou setores da imprensa,
sem especificá-los.
“Um dos desafios é acabar com o abuso da doutrinação ideológica.
Acabou a doutrinação ideológica de crianças e adolescentes no Brasil”,
afirmou ao falar da defesa de jovens.
Em quase uma hora de fala, Damares exaltou mais de uma vez sua fé. “O
Estado é laico, mas esta ministra é terrivelmente cristã e, por ser
cristã, acredito nos designos de Deus”, afirmou a nova titular da pasta
que chamou de “mais extraordinário e lindo ministério”.
Damares afirmou que os programas de governo não vão acabar em quatro
anos porque o presidente Jair Bolsonaro “não precisa jogar para a
galera”, já que não pretende disputar a reeleição.
Ela disse que, no governo Bolsonaro, todas as políticas públicas
serão construídas com base na família e que seu ministério dará
assessoramento a outras pastas.
“Muitas pessoas no Brasil estão perguntando: precisava no Brasil de
um Ministério da Família? Sim, gente. O governo Bolsonaro vem com uma
outra perspectiva. Todas as políticas públicas neste país terão que ser
construídas com base na família. […] Não dá mais para pensar em
políticas públicas sem pensar no fortalecimento da família.”
Damares citou que programas como o Enem acabam separando as famílias,
já que um jovem pode ser aprovado em faculdade em outro estado.
Questionada sobre o exame na saída, ela não respondeu. Sua secretária da
Mulher, Angela Gandra Martins, disse que não há previsão de mudanças na
prova.
Damares disse que “sangue inocente não será mais derramado neste
país” e que nenhuma denúncia de violência contra mulher será ignorada.
“As mulheres terão prioridade neste ministério. Lutaremos para que
não sejam tratadas como massa de manobra. As brasileiras terão voz e
serão escutadas por este governo. Somos o quinto país no mundo em
feminicídio. Que vergonha. Chega de violência contra a mulher nesta
nação.”
Disse que seu ministério seria “da família”, “seja qual for a sua
configuração”. “Eu e minha filha somos família. Nada vai tirar de nós
este vínculo. Todas a configurações familiares neste Brasil serão
respeitadas”, afirmou.
A ministra negou que a população LGBT tenha ficado de fora das
diretrizes do ministério e garantiu que os direitos estão garantidos.
“Vamos lutar contra todos os tipos de violência e preconceito nesta
nação, inclusive LGBTI […] Nenhum direito conquistado pela comunidade
LGBTI será violado”.
No entanto, a ministra reforçou a diferença de gênero. “Neste
governo, menina será princesa e menino será príncipe. Ninguém vai nos
impedir de chamar nossas meninas de princesa e nossos meninos de
príncipe”, declarou.
Ao comentar o abuso que sofreu na infância e a passagem em que diz
ter visto Jesus ao subir numa goiabeira, criticou a imprensa. Reclamou
de “alguns jornalistas” várias vezes ao longo do discurso. “Houve alguns
ruídos. Na verdade tudo que essa ministra fala vira ruído no Brasil e
até o que é escrito sobre a ministra também vira ruído”.
“Minha história não foi respeitada por muitos meios de comunicação”,
afirmou. “Minha crença virou chacota e também motivo de risadas. Tive
minha história compartilhada com escárnio.” E completou, sendo aplaudida
de pé: “Tenho meu consolador e, queiram vocês ou não, ele sobe em pé de
goiaba”.
A ministra disse que todos os servidores de sua pasta aprenderão a linguagem brasileira de sinais nos seis primeiros meses.
Por mais de uma vez, Damares falou que ela e sua filha foram
ameaçadas de morte e que, por isso, a jovem não compareceu. Na semana
passada, um grupo investigado pela Polícia Federal por suposta ligação
com uma bomba caseira encontrada no entorno de Brasília disse ao site
Metrópoles, do DF, que a ministra poderia ser alvo de ataques.
Damares recebeu os cumprimentos em cima do palco e saiu cercada por
assessores e ao menos um segurança. O cerimonial informou aos que
aguardavam a volta da ministra que, por questões de segurança, ela não
retornaria ao auditório.
A ministra também apresentou os titulares das oito secretarias que
integrarão a pasta: Criança e Adolescente, Juventude, Mulher, Família,
Idoso, Pessoa com Deficiência, Proteção Global e Igualdade Racial.
Embora a Funai seja ligada ao ministério, seu titular não foi anunciado.
Essa é fanática religiosa.
Folhapress
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