Se quisesse, Evo Morales, o primeiro indígena a presidir a Bolívia,
poderia ter concedido asilo político ao ex-terrorista italiano Cesare
Battisti, condenado à prisão perpétua em seu país pelo assassinato de
quatro pessoas. Mas ele não quis.
Morales sabia que Battisti estava em algum ponto da Bolívia
desde que no dia 14 de dezembro último o presidente Michel Temer
assinara decreto mandando extraditá-lo para a Itália. No dia 18 daquele
mês, Battisti pediu por escrito asilo à Bolívia.
Alegou que fugira da Itália onde se considerava um perseguido
político, e depois da França e do México pelas mesmas razões. Fora
protegido aqui por Lula. Uma vez que corria o risco de finalmente ser
devolvido à Itália, implorava a graça de Morales.
Quem pode mais, pode menos. Pela lei bancada por ele mesmo, Morales
só poderia governar a Bolívia por dois mandatos consecutivos. Mas ele
quis o terceiro e conseguiu contra a vontade da maioria dos eleitores.
Agora, quer o quarto e deverá obtê-lo.
Ao entregar Battisti ao governo de direita da Itália, Morales reforça
seus laços com a Comunidade Econômica Europeia, ao mesmo tempo em que
fica bem com o recém-instalado governo de direita do Brasil. De resto,
faturou sozinho o seu gesto, dando um drible em Bolsonaro.
Caçado pela Polícia Federal, Battisti foi preso em Santa Cruz de La
Sierra por uma equipe de policiais italianos e bolivianos sob o manto da
Interpol. Bolsonaro tudo fez para que o avião que levaria Battisti de
volta à Itália fizesse uma escala técnica em Brasília.
Haveria, assim, oportunidade para fotos. E o governo brasileiro
deixaria suas impressões digitais no ato de aprisionamento de Battisti.
Mas aí foi o governo italiano que não topou. Limitou-se a agradecer a
colaboração do nosso, que não houve. E tocou adiante.
Battisti na cadeia.
Veja.
Registe-se aqui com seu e-mail
ConversãoConversão EmoticonEmoticon