Um grupo que reúne escolas construtivistas de elite em São Paulo Rio e Minas divulgou carta ao ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodriguez, pedindo que ele “não permita que o país entre numa rota de retrocesso”.
O texto diz que as declarações de Rodriguez até agora
“deixam a desejar” e enfatiza que, “com tanto lastro intelectual, é
difícil acreditar que V. Exa considere a Escola sem Partido ‘providência
fundamental'”, como o novo ministro citou em texto em seu blog na
internet. “Afinal, é um grupo de amadores, que carece de saberes básicos
sobre educação, e que divulga fantasias sobre influência de partidos
políticos sobre estudantes dentro de escolas de Ensino Fundamental e
Médio”, continua a carta.
Fazem parte do grupo que assina o manifesto a Escola da Vila, na zona
oeste, e Escola Viva, na zona sul, ambas de São Paulo e com ensino de
influência construtivista. São colégio de elite, considerados
referências na cidade, cuja mensalidade gira em torno de R$ 4 mil.
O ensino construtivista entende o conhecimento como algo que é
construído pelo estudante, a partir de seus interesses e curiosidades,
com a mediação do professor. As aulas são estruturadas por meio de
projetos, que incluem vários saberes, e não apenas pela mera transmissão
de conteúdo. Um das grandes preocupações do método é a de desenvolver o
espírito crítico do aluno. Integrantes do governo de Jair Bolsonaro têm
defendido que a educação foque em conteúdos clássicos, como matemática,
química e geografia.
Para o grupo, as ideias do novo governo não são articuladas com as
pedagogias contemporâneas, “discutidas e estudadas em todos os países do
mundo que se preocupam com formar gerações que consigam interpretar a
realidade, em sua complexidade, para lidar com as transformações
radicais decorrentes do mundo digital.”
A carta também defende o Enem atual, dizendo que ele é feito por
professores que tentam ligar o conhecimento a diversos contextos “que é o
que se busca hoje na educação escolar”. Ontem, Eduardo Bolsonaro voltou
a criticar a prova e dizer que ela não pode perguntar sobre feminismo,
por exemplo.
A Escola Parque, que fica na Barra da Tijuca e na Gávea, no Rio de
Janeiro, também faz parte do grupo que assina o texto ao ministro. Tem o
mesmo perfil das instituições paulistas e também atende a elite
carioca, do ensino infantil ao médio.
As outras duas escolas são de Belo Horizonte, Balão Vermelho e
Colégio Mangabeiras Parque. Entre os objetivos da Balão Vermelho estão a
“construção da cidadania e autonomia dos alunos, preparando-os para uma
maior capacidade de reflexão, valorização da diversidade e respeito ao
outro.”
A carta também vai radicalmente contra o argumento de Rodriguez e do
presidente de que as escolas estão tomadas por ideias marxistas. “São
muitas e complexas as razões que trouxeram a Educação Básica aos
péssimos resultados que se repetem há alguns anos. Mas, certamente,
entre as muitas principais delas, não estão ideologias de esquerda.”
Ministro criticado na pauta...
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