Uma declaração do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, sobre seringueiro e ativista Chico Mendes
virou o assunto mais comentado no Twitter brasileiro nesta terça-feira
(12). Questionado na noite de segunda-feira (11) no programa Roda Viva
sobre sua opinião em relação ao líder seringueiro morto em 1988, Salles
rebateu: "Que diferença faz quem é Chico Mendes neste momento?".
O
chefe da pasta do Meio Ambiente disse que, na verdade, desconhece a
história de Chico Mendes e que tão somente ouve relatos díspares sobre
sua vida. "Do lado dos ambientalistas, mais ligados à esquerda, há um
enaltecimento do Chico Mendes. As pessoas que são do 'agro', que são da
região dizem que o Chico Mendes não era isso que é contado", continuou
Salles, acrescentando que já ouviu de ruralistas que o líder
ambientalista "usava os seringueiros para se beneficiar, fazia uma
manipulação".
"Se beneficiar em quê?", questionou o âncora do programa,
Ricardo Lessa. "O fato é que é irrelevante", emendou o ministro, em
seguida, encerrando o assunto.
A declaração do ministro ocorreu pouco tempo antes de sua viagem para
o oeste do Pará, que deve acontecer amanhã, 13. Salles integrará uma
comitiva do governo ao lado dos ministros Gustavo Bebianno (Secretaria-Geral da Presidência) e Damares Alves
(Mulher, Família e Direitos Humanos).
A visita é parte de uma
estratégia que visa aumentar a presença do governo na região amazônica, conforme revelou reportagem de hoje do Estado. A iniciativa seria uma resposta ao Sínodo Sobre Amazônia, que será organizado em outubro, em Roma, pelo Vaticano.
Políticos
criticaram a fala do ministro e saíram em defesa de Chico Mendes.
"Chico Mendes foi trabalhador, ativista, líder social, seringueiro,
parlamentar, perseguido político, exemplo de luta. Deu sua vida pelo
meio ambiente e foi covardemente assassinado pelo sistema. Respeite
Chico Mendes, ministro", escreveu no Twitter a deputada Talíria Petrone
(PSOL-RJ). A ex-ministra do Meio Ambiente e líder da Rede
Sustentabilidade, Marina Silva, disse que Salles "não é ambientalista e é
desinformado" e criticou a "ignorância do ministro".
Licenciamento
O
ministro do Meio Ambiente também defendeu um modelo que inclua
o autolicenciamento ambiental, através de declarações de empresas, e
disse que os órgãos do governo devem "concentrar" esforços em casos de
média e alta complexidade e risco. O autolicenciamento, segundo ele,
poderia servir para casos em que há derrubada de vegetação em área rural
ou troca de plantio de uma cultura. Já a área de mineração se encaixa
em casos em que o governo poderia concentrar o "foco", tanto no
licenciamento quanto na fiscalização.
"A discussão não está no
conflito da flexibilização, velocidade e, por tanto, ausência de rigor",
disse Salles. "O Brasil experimentou nas últimas, talvez, duas décadas
um gigantismo estatal sem precedentes. Gastamos o que tínhamos e o que
não tínhamos de recursos públicos em muitos destinos que não são e não
eram prioridade."
Mais um Ministro falastrão na pauta.
Estadão
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