O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, rejeitou o ultimato dado por países europeus na semana passada para ele convocar eleições presidenciais, e afirmou que está reforçando o patrulhamento nas fronteiras com
o envio das Forças Armadas. A decisão foi tomada após o líder
oposicionista e autoproclamado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, afirmar que pediu ajuda humanitária para Estados Unidos e países europeus.
Em entrevista à rede espanhola La Sexta, Maduro disse que não vai
“ceder por covardia diante da pressão” dos europeus. “Por que a União
Europeia terá que dizer a um país que já fez escolhas que têm de repetir
as eleições presidenciais? Só porque seus aliados não ganharam?”, disse
Maduro.
O ultimato dado Espanha, França, Alemanha, Reino Unido, Portugal e
Holanda na semana passada termina à meia-noite deste domingo. Os países
afirmaram que se Maduro não convocasse eleições presidenciais, eles
passariam a apoiar Juan Guaidó.
“Eles tentam nos encurralar com ultimatos para nos forçar a ir a uma
situação extrema de confronto”, denunciou Maduro, que insistiu em sua
proposta para as eleições antecipadas do Parlamento, dominadas pela
oposição.
Por outro lado, Maduro disse apoiar a “boa iniciativa” de um grupo de
contato internacional, formado por União Europeia e países
latino-americanos, como Uruguai e México, que visa “promover um processo
político e pacífico” para sair da crise venezuelana. O primeiro
encontro do grupo deve ocorrer em 7 de fevereiro, em Montevidéu.
“Eu apoio essa conferência. (…) Aposto que a partir desta iniciativa
haverá uma mesa de negociações, um diálogo entre os venezuelanos, para
resolver nossos problemas, para agendar um plano, uma solução para os
problemas da Venezuela”, disse Maduro.
Durante a entrevista, o presidente enviou uma mensagem a Guaidó: “Eu
digo a ele: abandone a estratégia do golpe, se quiser contribuir com
algo, sente-se em uma mesa de conversação face a face” com o governo.
Guaidó já disse que não se prestará a “falsos” diálogos que dão
oxigênio ao governo e que os venezuelanos “permanecerão nas ruas até o
usurpador” Maduro renunciar.
O opositor anunciou que a ajuda humanitária deve começar a chegar
nesta semana. Segundo Guaidó, será criada uma “coalizão nacional e
internacional” com três centros de armazenamento de remédios e
alimentos: na Colômbia, na cidade de Cúcuta, no Brasil, e em uma ilha
caribenha. Segundo Guaidó, haverá uma mobilização para exigir aos
militares venezuelanos que deixem a ajuda entrar no país.
Entre as opções estudadas pelos EUA para enfrentar o colapso da
Venezuela está a abertura de um corredor para envio de ajuda
humanitária. Washington disse ter prontos US$ 20 milhões para enviar em
alimentos e remédios. Na madrugada de sábado para domingo, o conselheiro
de Segurança Nacional da Casa Branca, John Bolton, escreveu em sua
conta no Twitter que os “Estados Unidos já estão mobilizando e
transportando ajuda humanitária” para a Venezuela. Bolton postou fotos
de caixas de alimentos e remédios já empacotados e prontos para o
embarque.
A ideia de abrir um canal ou corredor humanitário foi respaldada pela
Assembleia Nacional da Venezuela, de maioria opositora, e por 14 países
que integram o Grupo de Lima em diferentes comunicados. O chavismo
considera a criação de um “corredor humanitário” uma porta de entrada
para forças estrangeiras interessadas em uma intervenção militar. O
governo Maduro atribui a escassez de alimentos e remédios às sanções dos
Estados Unidos.
Diante da ajuda humanitária, Nicolás Maduro enviou as Forças Armadas do país para reforçar as fronteiras.
Neste domingo, 3, oficiais das Forças Armadas Nacionais Bolivarianas
(Fanb) e membros da Guarda Nacional foram para a fronteira com a
Colômbia, em Táchira, n a madrugada, para supervisionar os postos
fronteiriços. “Estamos na Ponte Internacional Simón Bolívar, para
assegurar a defesa da pátria. Paz total por aqui”, escreveu em sua conta
no Twitter o general Freddy Bernal.
A operação aconteceu horas depois de Guaidó anunciar que Cúcuta, na
Colômbia, seria um dos pontos onde chegaria a ajuda humanitária
internacional. A ponte Simón Bolívar liga San Antonio del Táchira, na
Venezuela, com Cúcuta, na Colômbia.
John Bolton exortou ontem os militares venezuelanos a “seguir o
exemplo do general Francisco Yáñez, da Aviação Militar, proteger os
manifestantes e ficar ao lado da democracia”. No sábado, Yáñez não
reconheceu Maduro, tornando-se o primeiro militar na ativa de alto
escalão a reconhecer Guaidó. / AFP e REUTERS
Ainda vai dar problemas mundiais essa questão.
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